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[LIVRO DAS VIRTUDES 2 - O Duo] Aristóteles - Diálogos

 
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NReis



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MessagePosté le: Lun Juil 03, 2017 12:40 pm    Sujet du message: [LIVRO DAS VIRTUDES 2 - O Duo] Aristóteles - Diálogos Répondre en citant

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A Vida de Aristóteles

Difícil é a tarefa daquele que deseja mergulhar o seu olhar no abismo dos séculos passados, e que procura, pelas suas palavras, fazer viver nos corações os heróis de outrora. Se há alguém cuja vida merece ser narrada, não deverá ser Aristóteles cujos ensinamentos iluminam ainda a nossa vida e a nossa morte?

É isto que eu, um mero fiel, tentarei relatar-vos hoje. Se a simplicidade deste relato vos toca, se a nobre presença do Sábio alcança o vosso coração, então o meu labor terá feito sorrir os poderes dos Céus.



Introdução:

A vida de Aristóteles, o Sábio, servo do Altíssimo, a quem a Palavra Divina foi revelada e que anunciou a chegada da salvação e da luz.



Capítulo I – O Nascimento

Naqueles tempos, uma grande notícia espalhou-se pela cidade de Estagira: os sábios astrólogos acabavam de descobrir no firmamento um cometa desconhecido. Imediatamente, a assembleia da cidade reuniu-se na Ágora, tentando desvendar a mensagem que os céus queriam transmitir aos homens. Infelizmente o seu coração estava escurecido pela sua fé errónea em falsos deuses e eles extraviaram-se nas sugestões ímpias: Para uns, indicava a chegada de Hermes de pés alados. Para outros o raio de Zeus ia abater-se sobre os homens, e os tempos chegariam ao seu fim.

Apenas um homem na assembleia manteve-se em silêncio: a sua esposa estava prestes a dar à luz, e a sua angústia não lhe permitia intervir. Ele não era, no entanto, o menos sábio, nem o menos escutado. Nobreza e paz marcavam a sua cara, assim como as marcas do trabalho árduo e de uma vida sem facilidades.

As discussões atingiram o seu fim sem que qualquer solução emergisse e o homem regressou a sua casa apressadamente.

Ali, descansando num leito de couro, a sua esposa acabara de dar à luz um filho. O homem aproximou-se do recém-nascido com respeito, tomou-o nas suas mãos e elevou-o no céu, dizendo: “Poderes celestiais, confio-vos o meu filho. Dêem-lhe uma vida correcta e justa. Que o seu coração seja puro, a sua inteligência desperte e a sua virtude imaculada. Que a vossa sabedoria guie os seus passos e os seus pensamentos, para que a sua vida seja como um sólido carvalho na sombra do qual os desamparados venham descansar.” Deitando a criança junto da sua mãe, o homem ajoelhou-se ao lado do leito e permaneceu imóvel durante muito tempo, contemplando silenciosamente a sua esposa e o seu filho.

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NReis



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MessagePosté le: Lun Juil 03, 2017 12:41 pm    Sujet du message: Répondre en citant

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Capítulo II – A Revelação

Certo dia, o jovem Aristóteles, com apenas cinco anos, quis sentar-se perto do templo do falso deus Apolo na sua vila de Estagira. O templo localizava-se numa pequena colina na extremidade Este da vila. A criança gostava de observar as altas colunas de pedra branca que se perfilavam de encontro ao azul do céu.

Quando ele se aproximou dos degraus do templo, parou, como se imobilizado por uma força invisível. Sem compreender o que se passava, ele regressou à cidade para chamar a sua mãe, Phaetis, que estava distante dali. Contudo, os seus lábios não produziram qualquer som.

O terror começava a dominar a sua alma, quando o estampido de um trovão retumbou acima do templo do falso deus. Um relâmpago atingiu o seu centro e o templo desmoronou-se aos pés da criança.

Então uma poderosa voz que fazia tremer os céus ressoou no espírito de Aristóteles. Ela disse: “Isto é o que o meu poder reserva aos ídolos que se fazem honrar como deuses. Busca o Deus único, procura a Verdade e a Beleza, porque um dia virá aquele que restaurará tudo.”

Profundamente afectada, a criança caiu no chão, inanimada. Quando os seus olhos se reabriram, ele estava na casa do seu pai e a sua mãe estava ternamente inclinada sobre ele: “Meu filho, que sucedeu? Encontramos-te perto do templo desmoronado, o teu rosto virado para o céu. Jah apareceu-te? Quem destruiu o templo?”

Todavia, a criança não respondeu. Ele permaneceu em silêncio e olhou a sua mãe com os olhos de alguém que vê pela primeira vez. Por fim, ele tomou a palavra: “Minha querida mãe, imploro-te, diz-me: O que é a Verdade?”

A pobre senhora era boa, mas infelizmente a sua alma estava ainda cheia de erros pagãos e ela não soube como responder àquela questão. Ela inclinou-se sobre a testa do seu filho, abraçou-o e fechou-lhe os seus olhos suavemente. “Eu amo-te meu filho, não é isso a única coisa importante? Dorme agora; amanhã o teu pai retorna da guerra e tu deves descansar para o receber dignamente.”

E levantando-se, saiu da sala, com o seu espírito cheio de angústia.

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MessagePosté le: Lun Juil 03, 2017 12:45 pm    Sujet du message: Répondre en citant

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Capítulo III – Diálogo sobre a alma – Primeira Parte

Durante vários meses, Aristóteles e a sua mãe habitaram em Pella, a capital da Macedónia. Nicomaco, o seu pai, acabara de ser nomeado médico pessoal do Rei da Macedónia, Amyntas II. Aristóteles crescia em sabedoria sob as iluminadas directrizes do seu tutor. Um dia, quando Aristóteles regressava da palestra, sentou-se numa fonte no pátio da casa de seu pai e perguntou ao seu tutor:

Aristóteles: “Mestre, como é que o homem pode pensar, enquanto os animais não conseguem pensar de todo?

O seu tutor, Epimanos, respondeu-lhe:

Epimanos: “Quem pode afirmar ter lido o livro da natureza e ter retirado todos os segredos dos deuses? Aristóteles, eu digo-te: nós não sabemos se os animais pensam. O Homem pensa, isso é certo. Contudo, e os animais? Estamos nós nas suas mentes?

Aristóteles: “Não concorda, nobre mestre, que os homens buscam sempre a inovação?”

Epimanos: “Sim, com certeza, é raro ver o homem realizar-se, e contentar-se com o que possui e o que sabe.”

Aristóteles: “Sim, é muito raro, e muitas vezes eu penso que seria melhor para o homem ser feliz na vida simples de antigamente. Esta busca incessante encontra-se continuamente no homem. Mas diga-me nobre Epimanos, não será esta busca do homem a derradeira prova da sua alma e da sua inteligência?”

Epimanos: “Compreendo o que queres dizer: se o homem não procurasse incessantemente, isso significaria que ele se contenta com aquilo que recebeu e não inova, nem mesmo pensa. De facto, só esta curiosidade do homem demonstra a existência do seu espírito.

Aristóteles: “De facto, era isso que eu queria dizer. Vejo claramente que não tenho nada para te ensinar. Mas continuemos um pouco mais. Tu tens um bonito cão, correcto? Um galgo?

Epimanos: “Sim, um presente do nosso rei pelo meu serviço durante a última guerra contra os invasores celtas. Eu gosto profundamente dele.”

Aristóteles: “Eu compreendo-te. Quando treinas o teu cão, como é que o fazes?”

Epimanos: “É muito simples: Obrigo-o a fazer algo e quando ele o faz correctamente recompenso-o. E se ele o faz erradamente, puno-o ligeiramente.”

Aristóteles: “Perfeito! Uma vez treinado, ele fará sempre bem o que tu lhe ensinaste a fazer, não é? Ele compreendeu que se não fizesse o que tu lhe mandas, não seria recompensado.

Epimanos: “De facto. Mas não compreendo onde queres chegar com isso.”

Aristóteles: “A isto, meu mestre: este cão tão nobre e tão bem treinado apenas faz o que faz de acordo com que lhe ensinaste. Ele não o faz por iniciativa própria e uma vez treinado não está em condições de mudar. Não concorda?”

Epimanos: “É verdade que para o mudar ele teria de ser treinado novamente, e puni-lo quando fora recompensado no passado. O pobre cão tornar-se-ia louco. Isso seria escandaloso.”

Aristóteles: “Sim. Mas não dissemos há pouco que era a curiosidade do homem e a sua capacidade para inventar novas coisas que demonstravam que o homem tinha uma alma?”

Epimanos: “Nós dissemos isso, de facto. E se eu compreendo o teu raciocínio, isto significa que os animais, como o meu cão, que não podem alterar o seu comportamento por si mesmos, não têm uma alma como os homens têm.”

Aristóteles: “Exactamente! Estabelecemos então que há uma diferença entre os homens e os animais. Mas qual? Tu sabes?"

Epimanos: “Não, não a conheço. Queres que procuremos uma resposta a isso?”

Aristóteles: “Com todo o prazer! Mas não agora, pois vejo o meu pai regressar da Corte Real e mal vejo a hora de ouvir as novas notícias do palácio. Fica bem!”

Epimanos: “Tu também, brilhante discípulo.”

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MessagePosté le: Lun Juil 03, 2017 12:49 pm    Sujet du message: Répondre en citant

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Capítulo IV – Diálogo sobre a Alma - Segunda Parte

A noite caía na cidade de Pella. Ouviam-se os sussurros das mulheres que, perto dos templos pagãos, invocavam os falsos deuses pela saúde do Rei. Este, de facto, estava a morrer. Nicomaque, o pai de Aristóteles, estava junto ao seu leito para tentar retardar, e aliviar o peso da morte inevitável.

Aristóteles, agora com quatorze anos, vagueava pelas ruas da cidade, sem ver nem ouvir o que se passava ao seu redor. O que aconteceria a seu pai se o rei morresse? Certamente, ele não poderia ser responsabilizado, mas quem sabe o que os cortesãos mal-intencionados poderiam imaginar e que actos de vingança poderiam ser executados nesses momentos de interregno?

Ele parou perto do templo de Perséfone. Não acreditava no poder daqueles deuses, que mais lhe pareciam bonecos mortos, mas havia uma majestade secreta, na invocação da deusa dos mortos em um momento como aquele.

Ele sentiu uma mão pousar sobre o seu ombro. Era Epimanos.

Epimanos: “Tu rezas pelo Rei, Aristóteles?”

Aristóteles: “Rezar? A quem deveria rezar? E que devo eu pedir?”

Epimanos:
“O que desejas pedir? Que ele viva, é claro! E se não acreditas nesta deusa, não acreditas num poder superior que reja a nossa vida?”

Aristóteles: “Que ele viva? Ele vai morrer, tu sabes tão bem quanto eu. As nossas orações não lhe conseguem recuperar a juventude e a saúde. Ele viveu durante muito tempo e é hora dele partir. Não, se eu rezasse, não seria para que ele vivesse.”

Epimanos: “Então para quê?”

Aristóteles: “O que há depois da vida, Epimanos? Esta alma única que o homem possui e que nos diferencia dos animais sobrevive a esta vida?”

Epimanos: “Eu não sei, Aristóteles. A minha ciência reside na vida e não na morte. Eu posso dizer-te como viver bem, como ser feliz e como compreender os seres no cotidiano, mas não o que há após a morte.”

Aristóteles: “Podes dizer-me como viver bem? Vejamos isso então. Não concordas que para fazer um acto inteligente, se devem prever as consequências?”

Epimanos: “Sim, claro, isso ajuda-nos a evitar erros, a agir erradamente ou a julgar mal as situações. É importante prever.”

Aristóteles: “Sim, foi o que me ensinaste quando era mais jovem. Mas se não te importas, tomemos um exemplo: imaginemos que te queiras casar. Concordas que é um compromisso definitivo e que deverás escolher com cuidado?”

Epimanos: “Certamente! As nossas leis não preveem o divórcio e eu acredito que aquele que quer casar-se regerá todas as suas acções para que esse casamento seja feliz, senão seria uma verdadeira loucura!”

Aristóteles: “Tu pensas como eu, que este casamento se prepara antes que se assuma o compromisso solene: procuram corrigir os seus defeitos, para se tornarem amáveis e bons, para que no dia do casamento tudo corra pelo melhor.”

Epimanos: “Se todos seguissem estes conselhos, haveriam mais casamentos felizes, mas eu penso de qualquer modo que é o que deveria ser feito.”

Aristóteles: “Estou feliz que estejamos de acordo. Portanto, para viver bem temos de saber o que há depois da morte.”

Epimanos: “Oh!? Não consigo acompanhar o teu raciocínio. Que queres dizer?”

Aristóteles: “É bastante simples: Tal como o casamento, a morte é um acontecimento definitivo. Devemos, portanto, prepararmo-nos com cuidado. Se existe uma vida além da morte, então a vida que levamos antes da morte deve ser dedicada a preparar essa vida após a morte. Da mesma forma que a nossa vida antes do casamento deve ser dedicada a preparar a nossa vida após o casamento.”

Epimanos: “Vejo onde queres chegar. Para ti a morte é apenas uma passagem que conduz a uma outra vida?”

Aristóteles: “Sim, e a nossa vida presente deve ser dedicada a preparar esse futuro.”

Epimanos: “Mas porque essa vida futura seria mais importante que a presente? E como podes saber da sua existência?”

Aritóteles: “Relembras-te da nossa discussão acerca da diferença entre os animais e os homens?”

Epimanos: “Sim, recordo-me muito bem. Dizias que existia uma diferença entre os dois, que o homem era inteligente, enquanto o animal não procurava nada de novo.”

Aristóteles: “Sim. Mas como faz o homem para buscar este novo, para criar coisas novas tanto para si mesmo como para aqueles à sua volta?

Epimanos: “Bem, se partir da minha própria experiência, eu diria que tenho ideias que me surgem, e que parecem vir de outra pessoa que não eu, e que eu reflicto sobre essas ideias.”

Aristóteles: “Eu cheguei à mesma conclusão. O que me tem intrigado é que elas não vinham do que me rodeia, mas de mim mesmo, do meu interior. Pareciam…”

Epimanos:
“Imateriais, não?”

Aristóteles: “Sim, imateriais. Não eram consequência de uma impressão sensível mas de uma impressão imaterial, espiritual.”

Epimanos:
“Eu compreendo. Todavia, que conclusões podemos retirar disso? É evidente que estas impressões vêm da nossa alma.

Aristóteles: “Sim, mas isso quer dizer que a nossa alma é imaterial, porque o imaterial não pode vir do material. Ninguém pode dar o que não tem. Não concordas?”

Epimanos: “Sim, dito dessa forma faz sentido. Contudo, onde queres chegar com isso?

Aristóteles: “O meu pai é médico Epimanos, e frequentemente descreve-me a morte: a matéria apodrece, desintegra-se sob o efeito do tempo. E olha à tua volta: a morte é sempre marcada pela destruição da matéria.”

Epimanos: “Sim, tudo acaba neste mundo, e o que os antigos construíram já quase não existe.”

Aristóteles: “Mas se fizer algo que não seja composto por matéria, ela desaparecerá?”

Epimanos: “Não me parece: se não é composto de matéria, então não se pode desintegrar. Não morrerá. Desta forma, o pensamento de um homem como Pitágoras será eterno e viverá ainda que se passem mais de mil anos.”

Aristóteles: “Então pensas que o que é imaterial não morre?”

Epimanos:
“Com tudo o que temos dito até agora, penso que é algo estabelecido.”

Aristóteles: “Então a nossa alma, que é imaterial, também não deve morrer. Quando nós morremos o nosso corpo desaparece, mas a nossa alma, ela permanece. E é esta vida da alma que é a vida futura. É esta vida que a nossa vida presente, nos nossos corpos, deve preparar.”

Epimanos: “O rei que morre vai então viver novamente?”

Aristóteles
: “Sim, e é para que esta vida da sua alma seja feliz que eu vou rezar esta noite.

Epimanos: “Rezaremos juntos então.”

E com estas palavras, os dois amigos separaram-se. Epimanos regressou ao tempo de Perséfone, enquanto que Aristóteles se dirigiu para a periferia da cidade, para caminhar no campo.

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MessagePosté le: Lun Juil 03, 2017 12:53 pm    Sujet du message: Répondre en citant

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Capítulo V – A Caminhada

Quando Aristóteles tinha quinze anos, perdeu o seu pai e mãe e foi confiado à tutela de um parente próximo, Proxéne, que vivia numa região remota entre Estagira e Atenas. O jovem órfão foi educado no trabalho árduo do campo. Isto dificilmente o satisfazia, convencido que o seu espírito era mais capaz que as suas mãos. Encontrava-se frequentemente com camponeses humildes, com os quais Proxéne trabalhava. Ele admirava certamente o seu gosto pela vida simples, longe dos sumptuosos esplendores e do luxo que, pressentia ele, conduziam claramente ao vício. No entanto, Aristóteles surpreendeu-se com os seus costumes.

Um dia, viu um deles entregar-se à oração. Aristóteles recordou-se do seu último diálogo com Epimanos e ]quis apanhar o camponês em falta.

Aristóteles: “A quem dirige as suas orações, bom homem?”

Camponês: “Aos deuses, meu jovem amigo.”

Aristóteles: “Aos deuses? Mas quem são eles?”

Camponês: “Eles são Afrodite, Apolo, Ares, Ártemis, Atena, Deméter, Dionísio, Hades, Hera, Hermes, Hefesto, Poseidon e o mais importante de todos, Zeus. Cada um deles senta-se no Olimpo.”

Aristóteles: “Onde é o Olimpo?”

Camponês: “É uma cidade maravilhosa, empoleirada no alto de um monte que nunca ninguém conquistou. Vês o Monte Atos? O Olimpo é cem ou mil vezes mais alto, ou algo assim.”

Aristóteles: “Alguma vez tentou subir essa montanha? Não está curioso de ver com os seus próprios olhos essas divindades a quem reza diariamente?”

Camponês: “Oh não, jovem. Eu sou apenas um humilde camponês. O meu lugar é aqui, não no Olimpo.”

Aristóteles: “Mas então, como pode acreditar na realidade desses deuses, se não tendes constatado a sua existência por si mesmo?”

Camponês: “Porque me ensinaram que eles existiam, e que devia rezar-lhes por melhores colheitas e para que as minhas vacas fiquem gordas.”

Aristóteles: “Isso é estranho, não rezais pelo amor do Divino, mas pelas necessidades materiais. Eu penso que é irracional buscar o material no espiritual. Mas sinceramente, não é a única coisa que acho irracional no que vós me dizeis.”

Camponês: “O que me reprovas ainda?”

Aristóteles: “Bem, há algo que não compreendo: porquê rezar a vários deuses?”

Camponês: “Como lhe disse, é o que me foi ensinado, que existiam vários e é assim desde o início dos tempos.”

Aristóteles: “Aqui está uma coisa complicada desnecessariamente. Em vez de várias divindades, não seria mais prático apenas rezar a uma?”

Camponês: “Começa a incomodar-me, jovem viajante. Eu faço-te perguntas? Eu pergunto-te se usas calções ou calças? Agora, deixe-me às minhas meditações.”

Aristóteles: “Não, não, eu não farei nada disso. Primeiro deve admitir, bom homem, que rezar a um único deus seria mais lógico. O que espera de um Deus, senão que seja omnipotente e omnisciente, que seja um? Adorar a vários deuses, é como fragmentar em várias partes o poder que o Único podia reunir em si. Eu acredito que em tudo, a unidade é preferível à divisão.”

Camponês: “Talvez.”

Aristóteles: “Não, é certo. O divino é uno e o divino é a perfeição, portanto a perfeição é a unidade. A unidade é a forma ideal das coisas.”

Camponês: “Certo, enfim para mim, jovem, eu sou demasiado estúpido para ouvir o teu jargão. Estou longe de ser letrado. Se eu te der um conselho, deixar-me-ás em paz?

Aristóteles: “Bem, sim, concordo com isso.”

Camponês: “Toma a estrada para Atenas, se Proxéne o autorizar, e encontrarás ali um professor que te saberá escutar. O seu nome é Platão.”

Aristóteles: “Obrigado, bom homem.”

E Proxène enviou Aristóteles a Atenas, às dezoito Primaveras de idade. O pobre camponês estava deveras contente de o ver partir.

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MessagePosté le: Mar Aoû 22, 2017 3:00 am    Sujet du message: Répondre en citant

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Capítulo VI – O Mestre

Aristóteles, após dias de uma viagem cansativa, fez finalmente a sua entrada na cidade ateniense. O que ele viu deixou-o sem palavras. A vila era maravilhosa, e a arquitetura de uma pureza soberba. As colunatas estendiam-se numa harmonia que encantava o espírito. Em cada canto dos becos, mercados apinhados atestavam a formidável atividade comercial que reinava naqueles lugares. Os jardins eram multidões, e podiam-se ver pequenos grupos de filósofos, que se deleitavam com sofismas entre as plantas exuberantes, as fontes de charme inefável, e as rochas milenares. Um templo magnífico, empoleirado num planalto, dominava a cidade.

Aristóteles estava fortemente impressionado, mas finalmente encontrou a academia, onde o ilustre Platão ensinava. A magnificência do lugar consternava-o, e como um alucinado, ele vagueou pelos imensos corredores de mármore do prédio. Os seus passos conduziram-no a uma pesada porta, sobre a qual se poderia ler a indicação «instrução: segundo ciclo». Aristóteles nunca tinha visto nada parecido, e perguntou-se o que poderia significar aquela misteriosa formulação, mas ele decidiu entrar para perguntar o seu caminho. A recepção foi muito desagradável. Velhas antipáticas disseram a Aristóteles, a contragosto, que «o Professor Platão devia dar uma aula ao terceiro ano, à direita ao fundo do corredor, depois à esquerda, depois à direita duas vezes, depois à esquerda, depois sempre em frente e, em seguida, no topo da escadaria B». Por fim, uma delas deixou claro para Aristóteles, com um olhar sombrio, que ele teria que deixar o local imediatamente.

Depois de muitas deambulações, e expressões desdenhosas dos discípulos a quem ele pedia indicações, Aristóteles chegou finalmente a um grande anfiteatro, onde fez uma intrusão percebida pelo professor.

Platão: “Qual é o seu nome, jovem?”

Aristóteles: “Aristóteles.”

Platão: “Muito bem. Aristóteles, sabe que eu não aceito pessoas no meu curso que eu não tenha testado uma primeira vez.”

Aristóteles: “Estou pronto.”

Platão: “Bem. Aristóteles, se eu te admitir nas minhas aulas, vou te ensinar os rudimentos da lógica e muito mais, se a tua inteligência o permitir. Mas primeiro, deves saber desapegar-te do que consideras como certo. Um bom filósofo confia apenas na sua própria razão, e deve ser capaz de desmontar os argumentos perversos dos sofistas para ter um perfeito conhecimento das coisas deste mundo. Escuta bem isto: devo dizer que nenhum gato tem oito caudas, mas no entanto, um gato tem uma cauda a mais do que qualquer gato. Então, um gato deve ter nove caudas. "

Aristóteles escutava atentamente.

Platão: “Então, podes demonstrar-me o absurdo deste sofismo? ”

Aristóteles refletiu um instante e em seguida declarou o seguinte...

Aristóteles: “Bem, continuemos o raciocínio. Um gato deve portanto ter nove caudas, então um gato tem nove caudas a mais do que qualquer gato. E como nenhum gato tem oito caudas, um gato deve ter dezassete... "

Platão: “Muito bem.”

Aristóteles: “Se fizer o argumento repetidamente, ele vem contradizer-se. A afirmação que vem como conclusão só pode, portanto, ser falsa .."

Platão: “É notável, jovem. Vejo que não é necessário ensinar-te a arte do silogismo; ele é-te inato."

E Aristóteles ficou feliz por ter encontrado o seu novo professor.


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MessagePosté le: Ven Nov 24, 2017 4:04 am    Sujet du message: Répondre en citant

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Capítulo VII – A Ruptura

Aristóteles seguia avidamente os ensinamentos de Platão. O que o mestre dizia, o estudante interiorizava como uma verdade inalterável. As grandes capacidades de Aristóteles fizeram dele o discípulo favorito de Platão e quando o mestre enunciava um princípio, o aluno encontrava sempre forma de garantir a sua exactidão, através de reflexões e exemplos bem formulados.

Mas um belo dia, o professor e o aluno tiveram a sua primeira dissensão, enquanto Platão afirmava o seguinte:


Platão: “Assim, as ideias são uma criação abstrata do nosso intelecto. Elas têm uma existência que lhes é própria.”

Aristóteles: “Vós quereis dizer, mestre, que não existem tantas coisas como ideias?”

Platão: “Sim, é o que eu quero dizer, brilhante discípulo.”

Aristóteles: “Mas da mesma forma, vós afirmais que existem coisas sem que uma ideia lhes seja associada, e vice-versa.”

Platão: “De facto, a ideia é o produto da consciência, e a coisa da realidade. São dois objetos que se devem distinguir.”

Aristóteles: “Aqui está uma proposta estranha, caro mestre, dissociar assim o que está indubitavelmente ligado.”

Platão: “Que queres tu dizer?”

Aristóteles: “Bem, que uma ideia não pode existir sem a coisa à qual ela se refere.”

Platão: “Mas o que fazes tu da abstração, Aristóteles?”

Aristóteles: “A abstração é uma ilusão, caro mestre. A ideia apenas surge no espírito a menos que exista a coisa. Somos parte de um todo, e se um elemento se torna inteligível, é porque ele existe.”

Platão: “Mas por tal asserção, tu negas o poder criativo do espírito.”

Aristóteles: “O espírito apenas observa e constata. As ideias são somente a faculdade do homem de ver o que o rodeia. Elas apenas tornam inteligível a essência das coisas. E por extensão, as coisas que são inteligíveis ao homem, são apenas a cópia das suas ideias. Nada existe além da inteligibilidade.”

A partir daí, a ruptura foi consumada entre o mestre e o discípulo. Aristóteles, mantendo no entanto o respeito por Platão que se conservou intacto até à sua morte, tomou a decisão de se libertar do seu professor, e saiu de Atenas.

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MessagePosté le: Dim Aoû 05, 2018 11:19 pm    Sujet du message: Répondre en citant

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    Capítulo VIII – A Unidade de Jah

    Aristóteles, que se sentia na idade da maturidade filosófica e se emancipara da supervisão do seu mestre, decidiu que era tempo de fundar a sua própria escola. Ele sabia que Hérmias, o seu amigo de longa data e senhor de Atarneu, havia reunido um pequeno cenáculo de antigos alunos da academia de Atenas em Assos, na costa da Tróade. Assim, Aristóteles decidiu dirigir os seus ensinamentos e fundou assim a sua primeira escola.

    A academia de Aristóteles tinha um grande sucesso. Estudantes de toda a Grécia afluíam ali para serem iluminados pelo mestre. Num belo dia de Primavera, um discípulo promissor veio encontrar Aristóteles.


    Discípulo: “Mestre, eu pensei muito, até ao ponto de não dormir, mas esta é uma questão que sempre atormenta o meu espírito juvenil.”

    Aristóteles: “Estou a ouvir-te. Diz-me o que te preocupa.”

    Discípulo: “Bem professor, você ensinou-nos que o universo é dinâmico; ensinou-nos que se a essência é estática, a forma é móvel como uma onda na superfície da água.”

    Aristóteles: “Sim, é verdade.”

    Discípulo: “Mas mestre, segundo esse princípio, a todo o acto corresponde um poder, como o mestre disse, e dessa forma, a todo o efeito corresponde uma causa.”

    Aristóteles: “Certamente.”

    Discípulo: “Então, mestre, se eu reexaminar a ordem dos efeitos e das causas, eu deveria encontrar uma única causa para todos os efeitos. Mas com todo o respeito, é comummente sabido que existem vários deuses. Assim, de acordo com o vosso teorema, o mundo deveria ser apenas caos, porque desde o início as causas são múltiplas e não concertadas. A não ser que postule que todos os deuses são apenas os efeitos de apenas um, poderoso acima de todos. Podeis esclarecer-me?

    Aristóteles: “Mas, caro discípulo, a solução encontra-se no enunciado do problema. Raciocina um pouco, meu amigo. Atenta aos princípios da dialética e do silogismo. Há, na tua exposição, um elemento exógeno, e parasitário, nomeadamente o que tu qualificas de conhecimento público. Eu já te disse, nós somos filósofos, e apenas podemos alcançar a verdade através do labor da nossa mente que qualifica a substância, não tomando alguns postulados em troca de dinheiro.

    Discípulo: “Que quereis dizer, mestre?”

    Aristóteles: “Eu quero dizer que, se examinares a ordem das causas e dos efeitos, encontrarás a causa final, a inteligibilidade pura, como disseste. Assim, se é bem sabido que existem vários deuses, isso não é menos falso, porque tal afirmação não resiste ao exame lógico da proposição.”

    Discípulo: “Ahn, podeis ser mais claro, mestre?”

    Aristóteles: “Certamente que posso, com este silogismo infantil: uma causa final é uma inteligência pura, uma divindade. Se examinarmos a ordem das causas e dos efeitos, encontramos somente uma causa final. Então Deus é único."

    Discípulo: “Ah, é isso!”

    Aristóteles: “Não te obrigarei a dizê-lo, caro discípulo. Há apenas um Deus, o motor imóvel do mundo, aquela vontade perfeita que é a fonte de toda a substância, de todo o movimento. Deus é a finalidade cósmica do universo.”

    E o discípulo regressou a sua casa, satisfeito com a resposta do seu mestre…

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    Capítulo IX – A Natureza dos Astros

    Num dia sem nuvens, Aristóteles convidara os seus discípulos a admirar a abóbada celeste. Todos ficaram fascinados com a beleza das estrelas, brilhando como tochas num céu negro. O mestre mostrava aos seus alunos como as estrelas têm um movimento característico. Mas alguns começavam a ter frio e queriam ir para casa dormir.

    Sargas: “Mestre, não seria mais proveitoso para nós debater e estudar do que preguiçar desta forma cá fora?”

    Aristóteles: “Então pensas que estamos a ser preguiçosos. Não crês que as esferas celestes sejam as coisas mais perfeitas que existem?”

    Sargas: “Eu não sei.”

    Aristóteles: “De que maneira se movem as estrelas, dizes-me?”

    Sargas: “Mestre, elas movem-se em círculos, fixas em esferas cristalinas e transparentes.”

    Aristóteles: “Certo. E a Terra, qual é a sua forma?”

    Sargas: “A observação das estrelas no horizonte, durante uma viagem ou a partir do convés de um barco, mostra-nos que ela é redonda.”

    Aristóteles: “Então escutas fielmente as minhas lições. A Terra é esférica, e o céu é composto por esferas suportando as estrelas. O círculo e o movimento circular estão por toda a parte. Agora, que movimento é mais perfeito que o movimento circular?”

    Sargas: “Nenhum mestre, porque se basta a si mesmo e traduz a continuidade. O movimento circular é o movimento perfeito por excelência.”

    Aristóteles: “Agora, um movimento perfeito apenas pode ser produzido por um poder perfeito. E o único poder perfeito, é Jah! Caros discípulos, a observação dos céus permite-nos compreender o quão bem dispostas estão as esferas celestiais. E esta perfeição ostenta a marca de Jah.”

    Sargas: “Tendes razão mestre, obrigado por esta lição.”

    Aristóteles: “Não me agradeças, agradece às estrelas. Toma, pega nestas moedas e vai buscar-nos um pouco de vinho a Oinos.”

    Sargas: “É para já, mestre.”

    Sargas regressou com o vinho para todos os discípulos. E eles permaneceram mais um pouco a contemplar as estrelas.

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    Capítulo X – A Moral


    Num tempestuoso dia de Inverno, um discípulo, que alcançara o final da sua educação, veio encontrar Aristóteles, antes de deixar o liceu.

    Discípulo: “Querido mestre, agora que serei deixado à minha mercê, há uma coisa que gostaria de saber.”

    Aristóteles: “Estou a ouvir, brilhante discípulo.”

    Discípulo: “Você treinou-me notavelmente na arte da lógica e na ciência metafísica, mas não me disse nada quanto à moral.”

    Aristóteles: “Dizes a verdade, meu amigo. Trata-se, de facto, de uma lacuna no meu ensinamento. Que queres tu saber exatamente?”

    Discípulo: “É importante para um homem, creio eu, saber como identificar o bem e o mal, a fim de se cumprir as regras que conduzem ao primeiro, e que permitem evitar o segundo.”

    Aristóteles: “Certamente.”

    Discípulo: “O que me leva a esta simples questão, mestre: O que é o bem?”

    Aristóteles: “Esse é um problema ao mesmo tempo vasto e de uma simplicidade límpida como o cristal. O bem, em príncipio, é a perfeição natural de um objecto, da sua substância.”

    Discípulo: “Mas por que, querido mestre?”

    Aristóteles: “Porque o bem supremo reside no divino, sem qualquer dúvida. E para identificar o bem, é portanto suficiente concentrar-se na análise da essência do divino. A substância do Todo-Poderoso, sendo a inteligibilidade pura e perfeita, o bem apenas pode ser a perfeição da substância, e portanto a natureza de uma coisa. Compreendes?”

    Discípulo: “Sim, querido mestre, eu compreendo.”

    Aristóteles: “Eu ensinei-te, querido discípulo, que a natureza de uma coisa reside no seu destino, já que o movimento revela a substância do objeto. Tu sabes portanto qual é a natureza do homem, não é?”

    Discípulo: “Certamente, mestre, a natureza dos homens é viver em comunidade, e esta comunidade toma o nome de cidade.”

    Aristóteles: “Absolutamente. O bem do homem, isto é, o que tende a realizar a perfeição da sua própria natureza, é portanto uma vida dedicada a assegurar as condições de harmonia no seio da cidade. Agora, o bem da cidade é tudo o que contribui para o seu equilíbrio, uma vez que a natureza da comunidade é a de se perpetuar. Assim sendo, tu podes constatar: o bem do homem leva ao bem da cidade.”

    Discípulo: “É impressionante!”

    Aristóteles: “De facto, assim é. Repara, o homem faz o bem apenas integrando-se completamente na cidade, participando na politeia*, e fazendo todo o possível para manter a harmonia.”

    Discípulo: “Então, querido mestre, o homem de bem é portanto um cidadão?”

    Aristóteles: “Eu não disse isso, querido discípulo. Um escravo pode ser um homem de bem, se estiver consciente da sua própria natureza humana e se estiver satisfeito com a sua condição, pois assim trabalha para manter o equilíbrio da cidade. A politeia* não é mais do que a participação em assembleias.”

    Discípulo: “Bem, querido mestre, aqui estão respostas que me satisfazem.”

    Aristóteles: “Estou feliz, meu amigo.”

    E com isso, Aristóteles, nunca mais voltou a ver o seu discípulo que, segundo a lenda, viveu uma existência exemplar, inspirado pelos princípios da virtude.


*Politeia: Cidades-estado (pólis) da Grécia que possuíam uma assembleia de cidadãos como parte do seu processo político

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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:26 am    Sujet du message: Répondre en citant

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    Capítulo XI – O Sonho


    Uma manhã, Aristóteles estava preocupado. O seu fiel Sargas, o qual frequentara a academia durante vários meses, encontrou-o para o questionar acerca do seu destino. O professor deu-lhe esta resposta…

    Aristóteles: “Na noite passada, meus caros discípulos, eu tive um sonho.”

    Sargas: “De facto, professor? Conte-nos acerca dele.”

    Aristóteles: “Certamente. Eu sonhei que no Leste existe uma cidade maravilhosa.”

    Sargas: “Que tipo de cidade?”

    Aristóteles: “Uma cidade ideal, uma cidade perfeita onde todos viviam em fabulosa harmonia. O equilíbrio era tão forte que ninguém o conseguia quebrar, nem mesmo os viajantes estrangeiros como o era eu na minha imaginação. Eu intrometi-me ali, importando as minhas morais, as quais eu digo agora serem corruptas, mas eles deram-me as boas vindas e trataram-me como a um irmão.”

    Sargas: “Quais eram os princípios da cidade, professor?”

    Aristóteles: “A cidade era organizada de acordo com os princípios de três círculos concêntricos ou três classes de cidadãos, se preferires.
    Vou começar por vos descrever como era formada a mais baixa dessas classes, nomeadamente os produtores ou a classe de bronze. Eles compunham a maioria e viviam pacificamente da produção dos seus campos e criação dos seus animais. Tomavam da sua produção o que era necessário para a sua subsistência e das suas famílias e davam o restante às classes mais alta. Embora estes homens fossem a base mais baixa da cidade, a sua situação era de certa forma invejável. Eles conheciam as alegrias da tranquilidade e da simples vida de serviço à comunidade. Eles eram devotados à actividade física, requerida pelo trabalho regular e isto mantinha os seus corpos em forma. Passavam os tempos livres a contemplar a natureza, educar os seus filhos, os quais eram prezados por esta classe, para as orações eles rezavam a Jah por lhes dar os prazeres de que beneficiavam.
    A segunda classe de cidadãos, a classe de prata, era a dos guardas e soldados. Eles à ociosidade e ao proveito no tempos de paz e beneficiavam de serem subsistidos gratuitamente pelos produtores. Eles filosofavam, admiravam também os benefícios da natureza, educavam-se de acordo com a idade e envolviam-se no adestramento com as armas. Em tempos de guerra, eles eram os mais entusiásticos defensores da cidade. A sua coragem não tinha igual e dariam a sua vida, sem hesitação, para preservar a comunidade ou defender a sua fé, a qual tinham em grande estima. Após o seu regresso de batalha eles eram tratados como heróis. As suas cabeças eram coroadas com louros, eles eram tratados como príncipes e fabulosos festins eram celebrados em sua honra. Eram transportados triunfantemente pelas pessoas e eram amados pelas mulheres.
    A terceira classe de cidadãos era a dos reis filósofos, a classe de ouro. Estes eram os mais velhos, recrutado por entre aqueles guardas que demonstravam a maior bravura, os melhores comandantes e os filósofos mais dotados. O seu único bem era razão, porque eles eram libertados de todas as possessões terrenas. A sua fé em Jah era a sua única arma. Eles eram famosos pela sua prática perfeita das virtudes. Eles eram um exemplo para todos e as pessoas eram feliz por sacrificarem uma parte dos seus bens para garantir a sobrevivência destes mestres. Os reis filósofos constituíam o governo da cidade. Eles determinavam o destino da cidade numa assembleia. Eram também os ministros da religião restaurado no Todo-Poderoso e Nele residia a sua legitimidade. O Todo-Poderoso aconselhava-os nas suas posições de poder. Eles mantinham o poder como eram aconselhados pelo Todo-Poderoso, repartindo a sua condição com os sacerdotes. Eles organizavam toda a cidade, planos de produção, justiça redistributiva e legislavam.

    Sargas: “Pela minha fé, que cidade formidável me descreveu.”

    Aristóteles: “Certamente isso é verdade. E eu acredito pessoalmente que ela deve existir, algures.”

    Sargas: “Acredita mesmo, professor? Não foi um simples sonho?”

    Aristóteles: “Não, eu creio que foi uma premonição. E quero ter a certeza disso. Eu gastei o meu tempo aqui e é o momento de te transformares de aluno em professor. O colégio pertence-te.”

    Sargas: “Como, mestre? Mas eu ainda tenho tanto que aprender.”

    Aristóteles: “Não de mim, meu querido amigo.”

    E o professor, sempre tão sério, deixou Sargas desconcertado, para iniciar os preparativos para a sua viagem ao Leste.

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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:27 am    Sujet du message: Répondre en citant

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    Capítulo XII – O Eremita


    Aristóteles caminhava pela Ática enquanto visitava um parente distante que morava em Tebas. Ele estava sozinho, tendo deixado a responsabilidade da sua escola aos seus melhores alunos. Mas num cruzamento, ele enganou-se e em vez de redescer para a planície e a cidade, subiu para as colinas. Após duas horas de caminhada, ele deu-se conta do seu erro e reparou numa casa isolada. Ele decidiu ir até lá e pedir conselho sobre o caminho a seguir.

    À medida que se aproximava, ele apercebeu-se que o que de longe passava por uma casa era uma pobre cabana apoiada sobre as rochas, mascarando grosseiramente a entrada de uma caverna.

    Ele bateu à porta e chamou, e alguém a abriu. O homem, idoso, estava mal vestido, e somente com trapos. Ele era magro e hirsuto.

    Aristóteles: “Bom dia, velho homem. Eu perdi-me e procuro o caminho para Mégara.”

    Eremita: “Se for por aí irá perder-se.”

    Aristóteles: “Não me recordo que a cidade ou as estradas ao redor estejam tão cheias de bandidos.”

    Eremita: “Quem fala de bandidos? Elas são povoadas por humanos. É já perigoso o suficiente.”

    Aristóteles compreendeu então que estava a lidar com um eremita.

    Aristóteles: “Diga-me, é feliz?”

    Eremita: “Se eu sou feliz? E como! Tenho tudo o que preciso: a água do rio, oliveiras, um pequeno jardim. E como não sou desajeitado com as minhas mãos, faço o que preciso. Não preciso de nada, nem de ninguém. Sou perfeitamente feliz.”

    Aristóteles: “Um homem não se pode contentar com tal vida. Ou então não é plenamente homem.”

    Eremita: “Disparates! Eu sou o melhor dos homens.”

    Aristóteles: “Como o saberá, você que não conhece os outros? Ser um humano é viver de acordo com a virtude. E a virtude é uma prática que só se pode exprimir com os outros. Você vive bem certamente, mas não pratica nenhuma virtude, já que não existe ninguém com quem a possa praticar. Vive como um urso, independente. Mas alguém viu um urso mostrar virtude? Você não é um homem feliz, já que nem sequer é um humano. Um humano tem amigos, onde estão os seus?”

    Eremita: “Os meus amigos são a natureza, as minhas oliveiras, os meus vegetais.”

    Aristóteles: “Uma verdadeira amizade ocorre entre iguais. Você é portanto o igual de uma oliveira: plantada e imóvel. Sobrevive à margem da Cidade, em vez de participar, como o faz qualquer verdadeiro humano. Vou então deixá-lo criar raízes, adeus!”

    E Aristóteles seguiu o seu caminho, descendo até Mégara.

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    Capítulo XIII - A Recepção de Polyphilos


    Aristóteles fora convidado para uma recepção em casa de um rico mercador ateniense que exercia igualmente as funções de arconte*. O seu nome era Polyphilos. Este era um homem rico e poderoso, apaixonado pela filosofia. Ele vinha amiúde ouvir Aristóteles, tão frequentemente quanto os seus encargos e o seu estatuto lhe permitiam. A sua casa estava completamente cheia e as mesas transbordavam com comida.

    Aristóteles segurava uma taça de vinho que acabara de encher numa cratera**. Ele pegou numa folha de videira recheada quando Polyphilos se aproximou dele.

    Polyphilus: “Aristóteles, caro mestre. O que acha da recepção?

    Aristotéles: “Confesso que prefiro reuniões menores, não nos conseguimos ouvir aqui. Mas a sua casa é esplêndida e o banquete é digno dos maiores reis.”

    Polyphilus: “Obrigado pelos elogios. Mas nada é suficientemente bom para os meus amigos e eu adoro tê-los todos ao meu redor.”

    Aristóteles: “Todas estas pessoas aqui são suas amigas?”

    Polyphilus: “Pois claro. Ninguém entra aqui que não seja meu amigo.”

    Aristóteles: “Vejo, no entanto, pessoas de todos os extractos sociais e detentoras de diversas funções para a Cidade.”

    Polyphilus: “E então? Eu não sou arrogante. Deixo isso aos novos ricos.”

    Aristóteles: “Certamente, o que só o honra. Contudo, não é possível que seja verdadeira amizade. Um verdadeiro amigo é um igual porque a amizade deve ser perfeitamente recíproca e equitativa. Se não o é, isso não é amizade, mas interesse. Um rei não pode esperar nada de um pedinte, este último é incapaz de o auxiliar em caso de necessidade e a ajuda mútua é a base da amizade. Assim sendo, não há amizade possível entre pessoas muito desiguais.”

    O jovem filho de Polyphilus tinha-se aproximado.

    Eumónos: “Eu repito-o constantemente ao meu pai. Estas pessoas não são suas amigas e ele deve distanciar-se.”

    Aristóteles: “Isso seria cair no extremo oposto, jovem. A amizade é o maior bem do homem. Ela estabelece os laços das comunidades e por sua vez as comunidades formam a Cidade. A amizade permite as relações sociais e os homens podem então tomar parte nos assuntos da Cidade. E como a virtude cardeal do homem é a participação na cidade, a amizade é uma coisa essencial.”

    Eumónos: “Mas como encontrar um perfeito igual?”

    Aristóteles: “Isso não é necessário. Importa sobretudo que o interesse não seja demasiado pronunciado por parte de um dos supostos amigos. O meio termo, o da virtude, é saber cercar-se de verdadeiros amigos, de pessoas que podem contar consigo e com quem pode contar.”

    Polyphilus e Eumónos assentiram com a cabeça para marcar o seu acordo. Aristóteles recuou alguns passos antes de se virar.

    Aristóteles: “Estas folhas de videira*** são deliciosas, tão deliciosas quanto o conselho de um amigo, não concorda?”


    *Arconte: Título atribuído aos magistrados supremos de algumas cidades-estados da Grécia Antiga, que se reuniam no arcontado.
    **Cratera: Tipo de vaso utilizado na Grécia Antiga para ministrar vinho e água
    ***Folhas de videira: Na época de Aristóteles e até os dias de hoje, há na Grécia diversas iguarias preparadas com a folha da videira, entre elas a dolmadaquia, que também é apreciada entre os otomanos que a chamam de dolmades ou simplesmente dolmas. Tal prato era considerado muito saboroso. As folhas poderiam ainda ser servidas frescas, cozidas ou em conserva.


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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:32 am    Sujet du message: Répondre en citant

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    Capítulo XIV – O Jovem Filósofo


    Aristóteles chegara ao crepúsculo da sua vida. A sua reputação ia muito além dos mares que rodeavam a Grécia. Mas o velho mestre amava cada vez mais caminhar pelos campos adjacentes a Atenas. Um dia, quando atravessava o portão ocidental, ele reparou num grupo de jovens sentados num jardim. Um deles ficara de pé debaixo de uma oliveira e parecia dirigir a discussão. Se a velhice tinha entorpecido o corpo de Aristóteles, o seu espírito e a sua curiosidade estavam ainda tão afiadas quanto a lâmina de uma gadanha. Ele aproximou-se do grupo. Compreendeu então que eles falam de filosofia.

    Um jovem: “Ó Epicuro, fala-nos dos Deuses.”

    Epicuro: “O que é um Deus, senão um ser perfeito, e portanto um ser perfeitamente feliz. E se eles são perfeitos, são incorruptíveis, pelo que a sua felicidade é eterna. Da mesma forma, por que os deuses preocupar-se-iam connosco? Nós devemo-nos desinteressar dos Deuses, porque eles não têm interesse pelas nossas pequenas coisas.”

    Aristóteles: “Que tolices!”

    Enquanto todos se viraram para ver quem tinha proferido essas palavras, Aristóteles aproximou-se, inspecionou uma pedra e sentou-se ali.

    Epicuro: “Não concorda com o que eu acabei de dizer?”

    Aristóteles: “Como eu poderia, uma vez que é falso? Dizes que os Deuses são perfeitos, não é? Contudo, pensa no que é a perfeição. A perfeição não é apenas física, também é moral. Um Deus deve necessariamente ser perfeitamente moral, portanto virtuoso e portanto bom.”

    Epicuro: “Mas pouco importa que ele seja bom. Ele é tão perfeito que não se importa connosco.”

    Aristóteles: “Muito pelo contrário, a sua perfeição obriga-o a preocupar-se com tudo; de outro modo, faltar-lhe-ia qualquer coisa e seria imperfeito. Além disso, falas de Deuses, mas apenas existe um. Como poderia um ser perfeito existir ao lado de um outro? Da mesma forma, se ele é perfeito, ele é único, pois qualquer perfeição estranha à sua, apenas dele poderia ser retirada.

    Epicuro: “A unicidade não pode criar a multiplicidade. Se o seu ser perfeito existe, nada pode existir a seu lado.”

    Aristóteles: “O argumento é bonito, mas é inútil porque visivelmente nós existimos, e evidentemente Deus existe. Eu diria ainda mais: a nossa existência implica a de Deus. Todo o efeito tem uma causa. A própria existência tem uma causa, que tem outra por sua vez... Se quisermos evitar a regressão ao infinito, é necessário postular uma causa primeira. Mas quem mais pode ser essa causa primeira se não um ser tão perfeito que não pode ter nem começo nem fim? Esta causa primeira é a fonte de todas as causas. Esta discussão, além disso, tem várias causas.

    Epicuro: “Tu intrigas-me.”

    Aristóteles: “Então tu és menos limitado do que eu pensava. Escuta com atenção as outras causas da nossa discussão. A causa material és tu, porque estás aqui e as tuas palavras provocaram esta discussão. Tu és a matéria-prima. A causa eficiente, sou eu, porque sou eu quem te instila um pouco de sabedoria. Eu sou o artista. A causa formal, é a dialética, que tu deves ainda aprender a dominar. É a técnica da arte. E a causa final, é a verdade, que se implanta na tua alma. É o trabalho finalizado.”

    Aristóteles levantou-se então enquanto o jovem filósofo não encontrava nada para responder. Ele sacudiu o seu quíton e partiu sem dizer uma palavra. Quando estava a alguma distância, ergueu o olhar para o céu e pronunciou estas palavras:

    Aristóteles: “Este jovem irá longe. As suas ideias provavelmente espalhar-se-ão rapidamente. Esperemos que outros venham que prossigam o meu trabalho e persigam este tipo de pensamentos.”


    Quíton: Peça de vestuário utilizada na Grécia Antiga. Era uma túnica usada tanto por homens quanto por mulheres. Estendida, era basicamente um retângulo de tecido. Originalmente, era confeccionada com lã nos períodos mais antigos, sendo fabricada com linho posteriormente. A palavra quíton quer dizer "túnica de linho", sendo de fato o tecido mais usado para a sua elaboração.


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