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Démonographie de Léviathan

 
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NReis



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MessagePosté le: Sam Mai 30, 2015 5:38 pm    Sujet du message: Répondre en citant









    Demonografia de Leviatã, Príncipe Demónio da Ira



    Uma infância de pesadelo

    Há muito tempo, Leto, um marinheiro honesto e trabalhador, desposou uma mulher chamada Hécate. Ela não era o protótipo da esposa amorosa e alegre digamos, ela era bastante temperamental e instável. Os anos passaram e o distanciamento de Leto, muitas vezes devido à pesca, transformou a jovem esposa numa rabugenta e antipática mulher, alguns dirão mesmo que ela era cruel e má. Sentindo-se abandonada e com pouco dinheiro, esta última passava o seu tempo livre a vender a sua virtude aos marinheiros de passagem nas docas do porto de Oanylone. Hécate ficou grávida durante uma das ausências do seu marido, e fez crer a este último que esperava um filho dele. O pobre homem nunca desconfiou e pensou simplesmente ter cumprido o seu dever conjugal.

    Assim veio ao mundo uma criança que ambos escolheram chamar de Leviatã. O pequeno, desde tenra idade, começou a mostrar as mesmas características temperamentais que a sua mãe. Com um pai vagueando sempre à mercê das marés e frequentemente ausente, a sua educação ficou a cargo de Hécate que, na sua loucura, fê-lo submeter-se a uma vida como não se deseja a ninguém. Violentado desde a mais tenra infância por ser difícil de acalmar o seu choro, insultado diariamente porque era visto como um parasita, Leviatã beneficiou de muito pouco amor mas teve que sofrer um ódio incrível durante anos. Quando ele tinha fome, a sua mãe gritava-lhe e só lhe dava o peito uma vez que a sua jornada pecadora terminasse. Leviatã chorava assim durante horas. Quando ele reclamava um pouco de amor, Hécate sacudia-o como um monte de palha para que ele cessasse de a incomodar. E se, infelizmente, tinha sujado a fralda, era deixado sujo até que o odor se tornasse tão insuportável, que Hécate acabava por o mudar. Em nenhum momento os seus anos de juventude foram agradáveis.

    Os tempos que se seguiram não foram menos horríveis para a criança, ele via muito pouco o seu pai e aproveitava esses momentos de amor que podia finalmente partilhar. Leto e Hécate não se entendiam mais, assim que gritos e bofetadas abundavam no seio da família. Afim de se proteger da sua mãe, Leviatã tinha o hábito de mentir a cada momento para não levantar suspeitas quando regressava. Afim de se vingar dos abusos que lhe infligia Hécate, desenvolvera uma astúcia incomparável, mas isso não lhe evitava contudo as sovas e outras intimidações. O jovem menino cresceu assim, vendo muito pouco aquele que amava e que considerava como seu pai. Ele via entrar legiões de homens em sua casa diariamente, insultando-o copiosamente quando a sua presença era notada. A sua mãe dissera-lhe que achava que o seu "progenitor" morrera, mas ele preferia mentir ao seu pai para manter o amor que este último lhe dava.

    Leto tinha a vã esperança de tornar o seu filho um marinheiro experiente. Assim, logo que ele alcançou a idade de partir para o mar, decidiu levá-lo com ele para a pesca. Leto mostrava-lhe todos os ossos do ofício, tudo o que fazia um bom marinheiro e ele notou rapidamente uma aptidão para esse ofício. Notou também o carácter colérico e vicioso do seu filho, o qual tentou mudar, em vão. Assim, os últimos anos da sua infância, Leviatã passou-os entre o mar e a sua mãe, entre momentos relativamente felizes e períodos trágicos. Ele tornou-se rapidamente muito dotado para a marinha e o seu pai deixou-lhe frequentemente o comando do seu navio, uma vez que Leviatã era já um grande marinheiro com a idade de quinze anos. Naquela época, o jovem adolescente era já considerado como um homem e o seu carácter impetuoso aliado aos seus acessos de raiva fazia dele um temível capitão no poder. Leto compreendeu isso muito bem e deu-lhe assim o comando de um dos seus navios de pesca.




    A juventude pecadora

    Quase em idade de brincar com as donzelas, Leviatã comandava já um belo navio de pesca com toda a sua tripulação da qual ele mesmo escolhia os membros. O jovem homem já fisicamente mais forte do que a média, arranjava marinheiros dóceis que não se rebelavam perante a sua autoridade e a sua raiva. Leviatã era tão submetido a abusos e intimidações na sua infância que contivera uma raiva por demasiado tempo. Uma noite, quando ele teve que ir para o mar, passou em sua casa para preparar os últimos detalhes da sua viagem, cruzou-se com a sua mãe, redonda como uma caçarola que o insultou abundantemente e lhe cuspiu na cara, sob o pretexto de que ele era um bastardo. Leviatã que, habitualmente, conseguia controlar-se minimamente, não pode evitar que uma terrível ira se apoderasse dele. Ele aproximou-se de Hécate e agarrou-a pelo pescoço com as suas duas mãos. Com os olhos injectados de sangue e um largo sorriso de ódio desenhado nos seus lábios, ele apertou as suas mãos gemendo, e apertou tanto que a cara da sua mãe ficou vermelho vivo com os olhos esbugalhados. Foram necessários alguns instantes para que Hécate deixasse de respirar; Leviatã deixou-a cair no chão como um saco de trigo, o seu corpo fez um baque surdo estatelando-se no chão da casa. Leviatã permaneceu assim um bom tempo a observar a sua mãe estendida no chão, não tendo nenhum remorso pelo que fizera; pelo contrário, ele sentiu-se ainda mais forte, e sobretudo, livre de um fardo demasiado pesado para os seus jovens ombros.


    [Ilustração do jovem Leviatã, autor anónimo]

    Com o ódio no seu coração e a raiva na sua alma, Leviatã estava agora incontrolável, como se o matricídio confirmasse um destino que se desenhava já depois de longos anos. Como ele planeara, embarcou numa longa semana de pesca com toda a sua tripulação, tendo deixado Hécate estendida no chão, sem dizer nada a ninguém; pensou assim que quem a encontrasse, associasse a um assassinato, perpetuado por um dos numerosos homens que vinham pagar pelos seus serviços, que se tinha sentido insatisfeito com o serviço. Ele escolhera a sua tripulação cuidadosamente; ele escolhia homens com um corpo suficientemente forte para o trabalho duro mas com uma aparência simpática. Leviatã adorava gritar com aqueles que empregava, procurando identificar o efeito que produziam os seus gritos e os seus ataques de raiva, esperando poder desencadear uma reacção para poder corrigir o insolente que ousasse enfrentá-lo. Entre os membros da tripulação encontrava-se um rapaz pouco mais jovem que ele, chamado Gabriel. Ele escolhera-o por causa da sua amabilidade e da sua aparente covardia. Disse-se a si mesmo
    que recrutando-o, teria de quem se divertir e saboreava já com antecedência todo o mal que seria capaz de lhe fazer. O que motivava mais o capitão nesta situação, é que não compreendia como alguém poderia ser tão calmo e tão sereno; assim, ele divertiu-se a procurar disputas regularmente e a provocá-lo.

    Um dia, ele chegou gritando como de costume, cuspindo sobre os pescadores que não eram rápidos o suficiente para seu gosto, batendo-lhes e provocando-lhes raiva e ressentimento. Frequentemente, alguns tentavam rebelar-se e atacar Leviatã, e este, feliz com o ódio que lhe consagravam, evitava sempre os golpes e batia-lhes furiosamente de seguida, com um sorriso nos lábios. Gabriel não tinha nada em que pudesse ser criticado, ele fazia bem o seu trabalho, mas Leviatã caiu-lhe em cima. Ele repreendeu-o de haver negligenciado o seu trabalho, gritando com ele para ver a sua reacção, mas Gabriel permaneceu calmo, não mostrando nem raiva nem ódio. Os insultos e os gritos de Leviatã deslizaram sobre ele como a chuva numa superfície lisa. Nada do que ele dizia o afectou nem lhe provocou a menor raiva. Desapontado com esta reacção, o capitão lançou-lhe um bom golpe e foi para outro lugar. Assim, regularmente durante as suas longas viagens no mar, Leviatã atormentava os seus homens e particularmente Gabriel contra quem desenvolveu um ódio sem precedentes, ódio que se materializou numa raiva infinita para com ele.




    O advento do ódio e da raiva

    Alguns anos se passaram, e os homens sob o jugo de Leviatã não puderam constatar um agravamento dos seus defeitos; já não contavam os pecados que tinha cometido, nem os mortos que tinham cruzado o seu caminho, e Gabriel implorava ao Altíssimo em silêncio para pará-lo. No navio, não era raro que um marinheiro fosse atirado borda fora; na sua histérica loucura, Leviatã deixou assim alguns dos seus homens afogar-se sem que ninguém pudesse fazer nada. A justiça de Oanylone não era qualificável como intransigente nesse tempo, e um bom número de acusados escapava ileso; era portanto a lei do silêncio que reinava, principalmente por medo de represálias terríveis. O ódio que emanava do homem foi indubitavelmente o que atraiu a Criatura Sem Nome a Leviatã, que se dirigiu a ele sobre a forma de tenente da guarda de Oanylone, conhecido por ser um tirano sem fé nem lei, violento e vil como nenhum outro. Uma noite, quando ele estava em terra e saía do porto, perdido nos vapores do álcool, Leviatã viu o tenente, no seu caminho, bloqueando-lhe a passagem.

    Citation:
    Leviatã: "Sai daí, se não queres sentir os meus punhos!"

    Homem: "Tem dó... Achas mesmo que serias capaz de me magoar, rapaz idiota?"

    Leviatã: "Já matei por menos que isto..."

    Homem: "Bem, bem... Tu compreendeste o poder do ódio... A tua raiva fez-te muito mais poderoso... Agora, cumpre o teu destino!"

    Leviatã: "O quê? Que destino?"

    Homem: "Leviatã, tu não entendes ainda a tua importância. Tu começas agora a descobrir o teu poder... Se juntarmos as nossas forças, poremos fim a essa mentira que é o amor e nos faremos os fortes dominadores de Oanylone!"

    Leviatã: "Palavra de honra, estás tão bêbado quanto eu..."

    Homem: "Se apenas conhecesses o verdadeiro poder da raiva... A tua mãe nunca te disse o que aconteceu com o teu pai..."

    Leviatã: "Oh, ela disse-me o suficiente! Disse-me que ele tinha sido morto!"

    Homem: "Não Leviatã, eu sou o teu pai!"

    Leviatã: "Não! Isso não é verdade... isso não é possível!"

    Homem: "Olha para o teu coração e saberás que eu digo a verdade!"

    Leviatã: "Nããããão..."

    Homem: "Agora cumpre o teu destino e mata esse usurpador que é Leto. Mais cedo ou mais tarde, ele saberá o segredo do teu nascimento e então, não terás mais ninguém."

    Leviatã: "E aí, ver-te-ei de novo?"

    Homem: "Quando Leto for eliminado e tiveres envelhecido, então, eu voltarei. Serve-te do teu ódio, jovem marinheiro, liberta a raiva e um dia encontrar-nos-emos novamente."



    A Criatura conseguira infundir ainda mais vício na alma do jovem Leviatã e as suas mentiras tornaram o capitão ainda mais arrogante e vingativo. O marinheiro estava voltado do avesso, embriagado e à mercê do pior acesso de raiva que ele tinha conhecido até então, esperou que Leto regressasse da pesca. Preparou assim a chegada daquele que pensava ser seu pai, fomentando planos para o eliminar e afiando as suas armas para melhor combater. Leviatã não tinha portanto mais nenhum sentimento para com os outros, excepto o ódio. Era o que, aliás, caracterizava este jovem. Finalmente, a grande noite chegou: Leto, cansado e desgastado pela jornada, regressou directamente sem passar pela taverna como de costume. Depois da morte da sua esposa, um alívio invadira-o e ele podia então desfrutar da sua casa, como qualquer marinheiro fazia. Ele transpôs o limiar da casa e deu de caras com Leviatã, com um sextante na mão, efervescendo e com o olhar cheio de fúria. Leto queria conversar com ele para entender o que ali se passava, mas não teve tempo. Leviatã caiu sobre ele como uma raposa sobre uma galinha e assentou-lhe um vigoroso golpe com o sextante no crânio. O sangue jorrou e deixou marcas na parede da entrada, enquanto Leto caiu morto numa poça de sangue escuro e viscoso. Nenhum grito se fez ouvir e o jovem, com trinta anos de idade, deixou lá o corpo do defunto para sair do lugar. Alguns alegaram que Leto morrera num acidente mas todos, no fundo, sabiam que havia sido um golpe de Leviatã.

    Foi assim que Leviatã herdou a fortuna do seu pai, os seus navios e se tornou almirante de uma frota de pescadores composta de uma dezena de embarcações mais ou menos importantes. Doravante, o homem não tinha nenhum limite ao seu poder, além da sua reputação pública de histérico exagerado e louco furioso, mantinha agora a de poderoso, devido à riqueza dos seus bens. Ninguém mais se ousava a opor a ele, ninguém, excepto um homem: Gabriel. A nova posição de Leviatã fez com que ele ficasse ainda mais incontrolável, liberando o seu vício sobre todos, gerando assim a cólera entre todos os seus empregados, excepto Gabriel que permaneceu firme diante dos insultos e explosões de raiva. O almirante ficou incrédulo, ele não compreendia como, apesar de toda a onda de violência que mergulhava sobre Gabriel, este podia permanecer calmo, obediente e trabalhador. O seu caminho cruzou-se com menor frequência depois disso, pois Leviatã não o escolhera para navegar a bordo do Kraken, um grande navio com três mastros que o fazia orgulhoso e lhe dava a impressão de ser o dono do mundo. Além disso, não era raro vê-lo ir para a proa e gritar que era o dono do mundo, com os braços estendidos e o olhar no horizonte, quando o vento soprava nas velas. A pesca tornara-se uma actividade fraca aos seus olhos e Leviatã decidiu lançar-se na pirataria. Ele recrutou marinheiros experientes e que não tinham medo de ir contra as leis, encontrando-os nas tavernas de má fama das docas de Oanylone, oferecendo-lhes álcool e prostitutas para os convencer a juntarem-se na sua missão destrutiva e doentia.



    [Ilustração do almirante Leviatã, autor anónimo]

    O reinado de Leviatã começou no mar de Oane que rodeava a grande cidade, ele e os seus comparsas foram assaltar os mercadores e pescadores que navegavam na costa, exibindo uma rara violência e, por motivos de segurança, nunca deixando sobreviventes. Capturando as traineiras e outras embarcações de todos os tipos, o almirante constituiu uma grande reserva de bens e mercadorias que revendia a preços de ouro nos mercados de Oanylone. Pelo caminho, ele satisfazia os seus desejos odiosos e violentos, massacrando e destruindo sem limites, deixando atrás dele centenas de cadáveres. As autoridades da cidade aperceberam-se rapidamente que a pirataria atingira as águas locais, mas como nunca ninguém tinha sido capaz de sair vivo, não tinham ideia de quem podia ser. Leviatã ainda tinha conservado a sua frota de pesca para enganar, mas alguns começaram a apontar-lhe o dedo, denunciando a quem queria ouvir que o almirante era o pirata do mar de Oane. Foi em vão e Leviatã encarregou-se ele mesmo de eliminar os acusadores, com um certo prazer por outro lado. Encontraram assim vários homens degolados em plena praça pública.

    Em cada um dos seus retornos a terra firme, Leviatã reencontrava indubitavelmente Gabriel, talvez porque a sua história estava ligada num destino comum. Este último procurava sempre chamar à razão o marinheiro irascível, explicando-lhe que o seu vício ia lançá-lo no abismo. As suas conversas terminavam geralmente da mesma forma, por uma grande bofetada na cara de Gabriel. Um observador exterior relatou uma delas que seria mais ou menos isto:


    Citation:
    Gabriel: "Leviatã! Por quê tanto ódio?"

    Leviatã: "Porque em toda a Humanidade rapaz, existem apenas dois tipos de homens e somente dois. Aqueles que ficam no sítio onde deveriam estar e aqueles que têm o seu pé no rosto do outro!"

    Gabriel: "Meu Jah, mas que horror! O que viveste para cultivar tanto ódio e raiva para com os outros?"

    Leviatã: "Tu vais deixar-me ir, certo? Tu ainda vais levar outra vez uma bofetada na cara..."

    Gabriel: "Tu sabes, eu não tenho medo das tuas ameaças e os teus golpes nunca me farão reagir! Abomino a violência porque ela é a mãe do sofrimento!"

    Leviatã: "Mas isso não é verdade! Nunca te ensinaram a calares a boca? Deveria assar-te como um porco, e à tua família também, para que deixes de me irritar? "

    Gabriel: "Eu nunca pararia, pelo menos até que decidas, finalmente mudar!"

    Leviatã: "Eu jamais mudaria, eu nunca me deixaria pisar por um fraco como tu! E desta vez vais levar a tua bofetada!"



    Assim ia a vida de dois seres que, sem o saber, estavam ligados pelo futuro numa louca missão, própria de cada um. Gabriel nunca desistiu da ideia de remeter Leviatã ao caminho correcto e isso só fez piorar o desdém que este último lhe devotava. O carácter psicopata de Leviatã era de conhecimento público, de modo que a maioria das pessoas que conheciam o par infernal se perguntava quando Leviatã mataria Gabriel, mas alguns pensadores declararam com inteligência que o almirante nunca eliminaria o virtuoso, porque sem ele, não teria mais nenhuma razão para viver.

    Um belo dia, Leviatã, cada vez mais intrigado com a temperança de Gabriel, fê-lo vir a si. Quando este chegou, viu o seu pai, Vorian, amarrado a um pilar de madeira. O odioso marinheiro disse-lhe que o seu pai tinha perdido todo um carregamento de peixes, que era um mau elemento e que merecia uma correcção. Leviatã começou então a bater em Vorian, Gabriel suplicou-lhe para parar, mas quanto mais suplicava, mais Leviatã lhe batia. Ele bateu-lhe com tanta força que trespassou o ventre de Vorian numa explosão de sangue. Este último morreu imediatamente, acompanhado das lágrimas do seu filho. Leviatã esperava que Gabriel reagisse e, louco de raiva, tentasse vingar o seu pai, mas ele não fez nada, virou-lhe as coisas e saiu do local, dizendo ao assassino que o ódio e a raiva não o atingiam e que o seu fim estava próximo. Ele acrescentou que Jah puniria Leviatã pelos seus pecados e que seria condenado a uma eternidade de sofrimento. Desta vez, ele não deu a Leviatã tempo de responder, saiu como uma alma perdida, e o almirante perguntou-se então o que deveria fazer para que o seu eterno adversário dignasse enfim a dar-lhe razão, batendo-lhe.

    Assim, durante longos anos intercalaram-se períodos de violência e ódio, homicídio e assassinato sem fundamento. O prazer que proporcionava a Leviatã matar e responder aos seus acessos coléricos tornou-se cada vez mais intenso. Ele não reencontrou mais Gabriel durante muito tempo, mas cultivou contra ele um desdém sem comparação, com o que ele podia ter sentido até aqui. Os actos de pirataria do almirante tornaram-se lenda no mar de Oane e a sua reputação era tão grande que vinham pagar-lhe para que poupasse um navio. Ele abandonou de uma vez por todas a pesca, e transformou a sua frota de barcos em equipas de piratas ao seu serviço, enfrentando o mar contra ventos e marés por sua conta.




    A punição de Jah

    Oanylone afundara-se no vício e no pecado. O ódio, a guerra e a violência apareceram e os homens esqueceram definitivamente o amor do Altíssimo, todos salvo sete virtuosos que tinham sempre pregado o amor de Jah e o amor ao próximo, cada um com a sua própria virtude. A cidade tornara-se um verdadeiro inferno onde os fortes e os fracos se matavam pelo poder. A Criatura Sem Nome estava então encantada e preparava a sua vingança contra o Altíssimo, provando-lhe pelos actos dos mortais que a sua resposta era a correcta. Mas Jah, mesmo sendo Ele o amor, estava longe de ser idiota. Ele não fizera dos homens Seus filhos para que eles se comportassem daquela forma, nem lhes subordinara as outras espécies, nem lhes tinha deixado a liberdade de escolherem o seu destino para se destruírem uns aos outros, de tal forma que tomou a decisão de punir os humanos que habitavam em Oanylone, o berço da civilização. Ele decretou que engoliria a cidade nos abismos da terra e nos fogos da punição divina depois de sete dias. Na Sua benignidade eterna, acrescentou que todos aqueles que partissem seriam poupados e aqueles que tivessem feito penitência seriam admitidos com Ele no Paraíso.

    A Criatura Sem Nome decidiu então regressar para perto de Leviatã porque na memória dos homens, nunca ninguém mostrara tanta cólera nem manifestado tanto ódio pelo próximo. A Criatura pensou que com aquele homem, poderia convencer uma grande quantidade de pessoas a participar do sentido que dava à vida humana. Foi sobre a forma de tenente que regressou para perto do sanguinário homem, pedindo-lhe para pregar a raiva. Leviatã, que vivera através da violência e da loucura aceitou, pois estava plenamente de acordo com o facto que o forte dominava o fraco e que assim deveria ser sempre. Para ele, o amor estava reservado para os fracos. O almirante, como outros seis homens, decidiu espalhar a mensagem da Criatura à qual Jah não dera nome. Assim, atracou no porto de Oanylone pela última vez e desembarcou para pregar a raiva. Aqui está um trecho extraído de um dos sermões do almirante Leviatã, relatado por um sobrevivente de Oanylone que deixou a cidade amaldiçoada no sexto dia:


    Citation:
    Leviatã: "O caminho dos homens está semeado de obstáculos que são os empreendimentos altruístas que fazem, sem fim, surgir a obra dos virtuosos. Bem-aventurado o homem de boa vontade que, em nome da cólera, se faz o pastor dos fortes que guia no vale da sombra da morte e das lágrimas, porque ele é o guardião do seu irmão e o salvador dos filhos perdidos. Abaterei o meu braço de uma terrível cólera, de uma vingança furiosa e horrorosa sobre as hordas ímpias que pregam e espalham a mensagem de Jah. E saberás porque o meu nome é Almirante quando sobre ti se abater a vingança do pescador!"



    Seis dias se passaram no dilúvio, na tempestade, no granizo e no vento, numerosos foram aqueles que deixaram esta cidade maldita que se tornara Oanylone com a esperança de sobreviver ao Apocalipse que ia acontecer. Mas Leviatã ficou, convencido que ele estava certo e que o amor não era o sentido da vida. Ele pregou uma e outra vez, afirmando que o forte dominava o fraco e declarou constantemente que a cólera e o ódio eram motivações salvadores quando utilizadas como ele fazia. O almirante estava convencido que Jah não mataria as suas próprias criaturas, porque Ele era fraco e, segundo ele, havia-o provado deixando aos homens o livre-arbítrio. Ele incutiu nos corações malvados a ideia de que, se Jah fosse forte, estaria com raiva e vingança em vez de amor e temperança. Leviatã citava o exemplo de Gabriel que perdia, segundo ele, o seu tempo a pregar a amizade, o amor e provava pelas suas acções a sua falta de coragem. Muitos ouviram com interesse as propostas do marinheiro, e muitos o seguiram no seu louco empreendimento e mataram aqueles que recusavam escutar Leviatã. Muitos foram os que passaram da vida à morte durante estes seis longos dias. Mas, durante um sermão bem sucedido que ele declamava no porto de Oanylone, um homem, o almirante Alcisde, veio tentar silenciar Leviatã. O homem era um amigo próximo de Gabriel e contava, provavelmente, reparar anos de injustiça. Ele preparara com o seu amigo a evacuação de um grande número de cidadãos por via marítima. Leviatã, louco de raiva e cólera ao ser interrompido, lançou uma enorme viga de madeira sobre o navio imobilizando-o cheio de homens e mulheres. Todos iam assim perecer com Oanylone. Leviatã testemunhou a façanha de Gabriel, que salvou o barco e viu os sobreviventes a gritarem vivas à atenção deste último. Isso colocou-o num estado de raiva ainda mais insano, mas decidiu ir-se embora em vez de intervir contra Gabriel.

    Veio então o sétimo dia, o último dia de Oanylone, que ia afundar-se no esquecimento e nem permaneceria na memória dos homens, somente através de histórias sagradas. A terra começou a tremer e brechas escancaradas abriram-se em todos os lugares, chamas infernais emergiram das profundezas da terra e queimaram a cidade. Leviatã decidira no entanto fugir da urbe e embarcara no último momento sobre o Kraken, o seu navio mais rápido. Ele pensou escapar à ira do Altíssimo navegando para o mar. Foi ali que cruzou uma última vez o olhar com Gabriel que permanecia sobre o porto, Leviatã pensou que Gabriel estava louco por acreditar naquele momento no Todo-Poderoso e não entendeu porque ele decidira deixar-se levar com a cidade. Navegando a um ritmo rápido e distanciando-se do porto, Leviatã acreditava-se fora de perigo, mas os elementos ficaram enlouquecidos e um vórtice terrível formou-se à volta do Kraken que acabou por engoli-lo. Finalmente chegou ao fim a história de Oanylone, que desapareceu no abismo levada pelas chamas purificadoras da ira do Altíssimo.




    Uma eternidade de cólera

    Leviatã, tal como os seis homens que pregavam para a Criatura Sem Nome, e como todos aqueles que permaneceram em Oanylone, pecadores ou virtuosos, foram conduzidos perante o Altíssimo. Mesmo nesse instante a sua cólera não diminuíra; os seus olhos incandescentes e estriados de veias não mostravam nenhum apaziguamento e a sua punição foi terrível. Ele tinha encarnado tanta raiva que Jah o enviou para o Inferno Lunar com o título de Príncipe Demónio, transformando o seu corpo de modo que se tornasse no pecado através do qual tinha vivido. Assim, Leviatã tomou a forma de um enorme touro musculoso com os olhos injectados de sangue, soprando chamas pelas narinas. Foi condenado a passar uma eternidade nas planícies do inferno.


    [Ilustração do Príncipe Demónio Leviatã
    Segundo as indicações de Sypous, autor anónimo]

    No Julgamento Final, os mortais apresentam-se a Jah. Conforme os actos, as palavras e os pensamentos que eles tiveram durante a sua existência terrestre e em função do caminho que escolheram, são enviados a sofrer uma eternidade de tormentos ao serviço dos Príncipes Demónios ou a viver uma eternidade de prazer ao lado dos Arcanjos. Aqueles que pecaram pela raiva e se abandonaram ao ódio pelo próximo, matando e espalhando a desgraça, aqueles que tentaram com todas as suas forças lutar contra a sua condição, vêm juntar-se às fileiras de Leviatã, Príncipe Demónio da Ira.



Traduzido do Grego pelo Monsenhor Bender.B.Rodriguez

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His Excellency NReis Ribeiro de Sousa Coutinho | Archbishop of Braga | Vice-Primate of the Kingdom of Portugal | General Secretary of the Roman Registers | Writer of the Saint Office | Translator on Villa San Loyats



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