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[LIVRO DAS VIRTUDES] Os Arcanjos

 
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Adonnis
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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:02 am    Sujet du message: [LIVRO DAS VIRTUDES] Os Arcanjos Répondre en citant

Citation:
Hagiografia do Arcanjo São Gabriel



I. Nascimento e Infância de Gabriel

Gabriel nasceu num dia como todos os outros, um dia não diferente dos demais. Não havia nenhuma premonição de que se tornaria conhecido nos tempos que se aproximavam, nenhuma. Porque Gabriel nasceu como todos os outros. Apenas a sua virtude e pureza de coração lhe permitiram alcançar o Altíssimo.
Os pais de Gabriel eram piedosos, mas como a maioria dos habitantes de Oanylone, a mensagem de Jah que haviam recebido e que transmitiram a Gabriel havia sido pervertida. Eles inculcaram-lhe que Jah havia criado a Terra, que Jah era a base e o motor de tudo, mas que Jah infligiu punições sem razão aparente, e que governou como um tirano...

Embora os quinze primeiros anos da vida de Gabriel se passassem sem que nada acontecesse que o distinguisse das outras crianças da sua idade, ele estava interessado em procurar a Verdade sobre Jah, e percebeu que Ele era um Deus de Amor e não de Ódio...




II. A Vida de Gabriel

O pai de Gabriel, cujo nome era Vorian, era um marinheiro e trabalhava para um armador rico de Oanylone chamado Léto. Ele era um homem bom, justo com os pecadores, mas ele casou-se com Hécate, uma mulher perversa e cruel. Eles tiveram um filho, chamado Leviatã, que nasceu poucos meses antes de Gabriel. Leviatã tinha herdado todos os vícios da sua mãe, mas nenhuma das virtudes do seu pai. Ele era colérico, ardiloso e um especialista em mentir. No entanto, era um excelente navegador e o seu pai nomeou-o capitão de um dos seus navios de pesca aos quinze anos.
Foi justamente neste navio que Gabriel foi designado aos quinze anos, quando começou a trabalhar como pescador.
Leviatã chegou a gritar como habitualmente, cuspindo nos pescadores que não eram rápidos o suficiente para o seu gosto, batendo-lhes e provocando-os com raiva e ressentimento. Muitas vezes, os pescadores afundavam-se na raiva e tentavam-se rebelar e agredir Leviatã, mas este gostava do ódio deles, evitando sempre os golpes e voltando com um sorriso perverso.
Gabriel assistiu a tudo isto, vendo como aquele homem monstruoso, pouco mais velho que ele, se deliciava com todo o ódio que causava.
Passavam duas semanas que ele estava no barco de Leviatã, não havendo nada para o culpar pois sempre tinha feito bem o seu trabalho, Leviatã caiu sobre ele. Leviatã repreendeu-o por ter feito mal o seu trabalho, gritando-lhe para ver a sua reacção, mas Gabriel permaneceu calmo sem raiva nem ódio. Os insultos e gritos de Leviatã caiam sobre ele como a chuva sobre uma superfície lisa. Nada do que ele disse penetrou nele para lhe provocar a raiva. Desapontado com a reacção de Gabriel, ele deu-lhe um bom pontapé e partiu para ver outros locais.
Algum tempo depois, soube-se que Léto foi morto pelo seu filho durante uma birra do mesmo. Ele esmagou-lhe o crânio com o seu sextante. É claro que, oficialmente, foi um acidente....
Tornando-se o patrão, Leviatã tornou-se incontrolável, lançando a sua ira sobre todos e gerando raiva entre todos os que trabalhavam para ele.
Só Gabriel permaneceu firme perante os insultos e as intimidações de Leviatã. Este último permaneceu incrédulo, ele não compreendia que apesar de toda a efusão de ódio que ele lançava sobre Gabriel, este permanecia calmo, obediente e trabalhador...

Foi nesta época que Gabriel encontrou um velho mendigo cego que lhe disse o seguinte:


Citation:
Velho Mendigo: Compreender as pessoas é o que te distingue e não o teu nascimento,
as pessoas entendem que Jah irá julgar-te de acordo com as tuas acções e não pelo teu nascimento.
Ele colocou-te no caminho, e os teus pares são os homens aqui que, conscientemente ou não, quer andem em caminhos rectos ou sinuosos, afastam-se ou aproximam-se de ti, mas és tu e apenas tu que decides para onde e quando caminhas porque no final és tu que caminhas.
Certamente, deves caminhar para os teus irmãos e irmãs e para Jah, mas é a tua salvação que está em jogo.
Amando Jah, amando os teus irmãos e irmãs, os humanos, apenas ficas a ganhar, se não é na Terra, será noutro sítio, nas estrelas do dia.
É a ti mesmo e aos teus irmãos que Jah confronta porque estes são os teus maiores inimigos, embora muitos tentem ser bons.



Estas últimas palavras encheram-lhe o coração e a alma e, mais tarde, a vida de Gabriel foi uma espécie de aceitação de todo o mal que havia no mundo. Ele já tinha aprendido a suportar o mal sem resistir, agora, ele sabia que deveria entendê-lo particularmente, porque para lutar contra ele, qual a melhor forma senão espalhar a paz e o amor no interior desse mesmo mal?

Ele nunca antes tinha deixado que a raiva ou o ódio lhe falassem, mas agora ele sabia que teria que dizer não ao mal quando ele crescesse muito e semeasse a discórdia nas almas.
Ele já tinha essa capacidade de conter o mal, tanto que deu a impressão de ser um homem para quem a vida não tinha mais segredos.
Ele agora tinha tanta confiança em Jah que iria deixar-se levar pela providência e pelo amor divino.

Uma noite, Jah falou-lhe durante o sono, e disse:


Citation:
Jah: Homem, eu sussurro todos os dias a minha palavra no teu ouvido
e nas profundezas do teu coração
mas tu, pescador e aproveitador,
tu alteras as Escrituras,
e pervertes as minhas palavras quando eu falo através de ti.
Muitos são aqueles a quem eu enviei a minha palavra,
Mas todos a queriam desviar,
Não apenas para atrair a sua própria glória,
Não apenas para justificar uma das suas próprias palavras.
Mas virá o dia em que eu confiarei a um a minha palavra de sabedoria
e a outro os meus mandamentos.
Porque eu te amo, Homem,
E enquanto tu quiseres ouvir o que tenho para te revelar,
Eu falarei,
E quando conscientemente tu te fechares totalmente às minhas palavras,
Eu te enviarei para queimar nas chamas do inferno das profundezas da Lua.
Porque só o sofrimento te faz ver que a cada dia que passa eu trabalho para o teu bem.
Ao fazer-te sofrer, eu vou-te fazer entender que sem mim não há nada, e que nada pode ser.
Se eu te obrigasse a seguires-me não irias entender porque seria bom seguires-me.
Demoraste algum tempo a compreender, Homem, e mesmo assim eu te amo.
Não procures, a felicidade está lá, na simplicidade do teu coração.
Vai Gabriel, transmite a minha mensagem àqueles que julgas dignos de serem salvos.
Porque Gabriel, eu digo-te, este tempo de decadência vai acabar.
E somente os justos serão salvos.



Então Gabriel viajou por Oanylone à procura dos justos, ele deu-lhes uma tal sede de Jah, que muitos deixaram as vocações que tinham e começaram a trabalhar para a Glória de Jah. Ele também lhes explicou a necessidade de saber para o que somos chamados. Ele disse estas palavras:

Citation:
Gabriel: Meus amigos, meus irmãos,
Jah tem reservado para cada um de vós um caminho particular.
Ele continua a chamar-vos nas profundezas do vosso coração.
Abram-se ao seu chamamento e respondam « Sim ! ».
Dizendo « Senhor, tu sabes o que é bom para mim. Quer seja onde me leves eu não irei torturar-me porque este é o caminho que me pertence. Quer seja onde me leves, eu sei que serei feliz, apesar das dificuldades.
Então, abram os vossos corações.


Muitos foram tocados pelas suas palavras, mas não foi o suficiente para manter a multidão de homens obstinados em direcção a Jah.
Na verdade, as palavras de amor que emanavam de Gabriel falavam sobre afastar-se do pecado, para se aproximarem cada vez mais da virtude completa que Jah possuía, de modo a ficarem mais perto de Jah.
Mas foi muito mais fácil permanecerem nas suas vidas, foi muito mais fácil persistir no pecado... Porquê mudarmos quando estamos numa boa situação?


Foi então quando Leviatã, cada vez mais intrigado com a Temperança de Gabriel, o mandou chamar. Quando ele chegou, viu o seu pai amarrado a um pilar de madeira. Leviatã disse-lhe que o seu pai havia perdido uma carga inteira de peixes, que era um mau elemento e que merecia uma correcção. Leviatã começou a bater em Vorian, Gabriel pedia-lhe para ele parar, mas quanto mais ele suplicava, mais Leviatã lhe batia...
Leviatã bateu-lhe com tanta força que perfurou a barriga de Vorian e, numa explosão de sangue, Vorian morreu, acompanhado pelas lágrimas do seu filho...

Leviatã esperava que Gabriel reagisse, cego de raiva, e tentasse vingar o seu pai, mas Gabriel não fez nada, virou-lhe as costas e saiu, mas não sem antes dizer isto a Leviatã:


Citation:
Gabriel: O teu ódio e a tua raiva não me atingem, pensas que és o mais forte, mas o teu fim está próximo, Jah punir-te-á pelos teus pecados e tu serás condenado a uma eternidade de sofrimento.


Antes que Leviatã tivesse tempo de responder, Gabriel já tinha partido...



III. A Queda de Oanylone

Gabriel caminhou pelo Porto de Oanylone numa profunda tristeza, após a explosão de violência que tinha acabado de presenciar. Ele aproximou-se do navio « Qué-Bec », nome dado a este barco cuja proa representava um albatroz com o seu grande bico aberto. O seu proprietário disse com o seu forte sotaque dos bairros de lata: "Mas que bico para um navio! Foi por isso que escolhemos o nome de « Qué-Bec » para o navio." O proprietário era um amigo de Gabriel, que este tinha reconduzido ao caminho da salvação algum tempo atrás.

Gabriel estava prestes a ir ver o proprietário quando um grande clarão apareceu no céu. Gabriel imediatamente entendeu que o tempo da Queda de Oanylone tinha chegado. Ele imediatamente decidiu avisar todos os que tinha conhecido e que seguiram o caminho da virtude para os salvar.
Ele começou por prevenir o seu amigo Alcisde, o proprietário do «Qué-Bec», para que ele preparasse o navio para embarcar todos os que ele trouxesse, afim de os salvar.
Ele então percorreu as ruas de Oanylone prevenindo todos os que ele conhecia para irem ao porto e embarcarem no «Qué-Bec», advertindo-os especialmente para não levarem nada que pudesse pesar no navio.
Ao retornar ao porto acompanhado por quatro orfãos, ele viu Leviatã com os olhos cheios de raiva e cólera atirar uma grande trave no navio que caiu sobre a vela, impedindo que fosse embarcado pela cidade. Enquanto que uma estrondosa gargalhada demente veio da garganta de Leviatã, Gabriel, ouvindo apenas a sua fé, correu para o convés para ajudar a libertar o «Qué-Bec».
A trave era muito alta, e Gabriel que era muito forte, propôs fazer uma escada com o seu corpo. Ele pegou numa prancha que segurou com as duas mãos e disse a um dos marinheiros:


Citation:
Gabriel: Põe-te sobre o meu corpo, podes utilizar-me como uma escada.


Ele foi capaz de subir até à trave e libertar o navio. Em seguida, todos gritaram:

Citation:
Multidão: Viva o Gabriel que fez uma escada com o corpo! Viva o «Qué-Bec» livre!.


Assim libertado, todos embarcaram no navio.
Um homem então perguntou a Gabriel:


Citation:
Homem: O que Jah quer de nós?

Gabriel: Oane gravou as palavras do Criador na primeira parede da cidade, e está escrito o que Jah disse aos nossos antepassados:
Que a vossa fidelidade seja a das crianças para com os pais ou eu serei tão severo quanto os pais para as suas crianças. Pois, quando cada um de vocês morrer, Eu o julgarei de acordo com a vida que levou. O Sol inundará todos os dias o mundo com a sua luz, para provar o amor pela Minha criação. Aqueles de vocês que eu vos enviar, viverão uma eternidade de felicidade. Mas todos os dias, a Lua vai surgir. E aqueles que dentre vocês não são capazes de ver mais do que apenas a falsidade, irão conhecer o sofrimento.

Mas eu também vos digo isto:
Este dia é um novo dia.
Nunca houve e nunca existirá jamais.
Portanto, tomem este dia e tornem-o uma escada
Para alcançar os picos mais altos.
Não permitam que a noite vos tombe
Fiquem iguais do que estavam ao amanhecer.
Porque amanhã poderá ser o dia que serão julgados.



O navio partiu enquanto Gabriel regressou à vila que estava num caos absoluto. E, durante seis dias, ele fez tudo o que podia para salvar aqueles que ainda poderiam ser salvos...
Veio então o sétimo dia, o dia de um terrível cataclismo.
Gabriel estava no porto quando viu Leviatã, furioso, a tentar fugir da cidade num navio chamado "Kraken", mas os elementos ficaram enlouquecidos e criaram um terrível turbilhão que formou-se à volta do navio, engolindo-o. Foi quando um terramoto atingiu Oanylone que ficou submersa pelas ondas.
Testemunhas em seguida viram um arco-íris iluminar o céu escuro e reconheceram que Gabriel estava a ser guiado para o Sol.



Oração a São Gabriel

Citation:
São Gabriel Arcanjo,
Anjo da Temperança,
abre os nossos ouvidos
para os doces avisos
e apelos urgentes do Altíssimo.
Fica parado diante de nós,
nós te suplicamos,
para que possamos compreender
a Palavra de Jah,
para que O sigamos
e O obedeçamos
e que façamos
o que Ele quer de nós.
Ajuda-nos a ficar acordados
para que, quando ele vier,
o Senhor não nos encontre a dormir.
Amen.

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Adonnis
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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:03 am    Sujet du message: Répondre en citant

Citation:
Este texto é a tradução de um pergaminho antigo encontrado há uma dezena de anos numa biblioteca antiga, numa ilha grega. O seu autor é desconhecido e a tradução exigiu muitas horas de trabalho em virtude do pergaminho se encontrar em mau estado aquando da sua descoberta.

Hagiografia Santa Galadriel, Arcanjo


A negra infância:

Galadriel nasceu em tempos difíceis quando a cidade de Oanylone foi entregue aos pecados. A sua família pertencia àqueles que se reivindicavam como os fortes. Controlavam o comércio de vacas, garantindo assim a sua superioridade sobre os outros. Entrincheirados num grande edifício ao lado da colina com vista para Oanylone. Galadriel cresceu neste contexto de contínuos conflitos, permanecendo incansavelmente fechada no seu quarto e na sua casa. Galadriel era uma criança simples que nunca pedia nada, conformando-se com o que lhe davam. Sobre Jah nada conheceu durante a sua infância. Contaram-lhe apenas a história da sua cidade, a qual fazia passar Oane por um homem de poder. Foi rapidamente rejeitada pelos seus irmãos e irmãs, que a consideravam demasiado fraca. Foi posta de lado encontrando-se bem depressa sozinha, vivia no sótão da sua casa, no escuro, esperando apenas as duas refeições que lhe traziam ao almoço e ao jantar. No entanto, chegou um dia que mudou tudo para ela. Enquanto a criada vinha trazer-lhe o seu almoço como era habitual, a luz atravessou pela porta revelou a Galadriel uma pilha de livros que ela nunca tinha visto. A sorte sorria-lhe, ela encontrara ao lado dos livros velas e um pequeno objecto que permitia criar uma chama fraca. Assim ela aprendeu a ler, sozinha no seu sótão e descobriu muitos outros livros porque o seu sótão estava repleto deles. Num dia em que acabara de ler uma obra sobre plantas medicinais, procurando um novo para estudar encontrou um velho conjunto de pergaminhos, muito usados, com numerosas páginas. Chamava-se ”O Guia”. Este livro contava a história de Oane e da criação da cidade e foi assim que Galadriel descobriu a existência de Jah. A partir deste dia, ela orava todos os dias, rezava um pouco mais ao domingo, para comunicar ainda mais com Ele, como faziam as pessoas antes, reunindo-se sobre o túmulo do Guia.



A libertação:

Um dia um grande estrondo acordou-a. A casa fora atacada de novo. O vício incitava à exaltação extrema, a cidade não era mais que uma vala comum onde todo o mundo se matava, fornicava e era o momento da família de Galadriel pagar o preço da queda dos homens que tinham esquecido Jah e o seu Amor. Toda a família e os domésticos foram massacrados, as mulheres violadas antes de serem degoladas ou evisceradas. Galadriel, escondida no fundo do seu sótão rezou durante todo o tempo que o ataque, seguido por pilhagem durou. Após vários dias sem comer escondida no seu sótão, finalmente saiu. A casa fora saqueada, não restava nada, tudo tinha sido roubado ou destruído. Ela fugiu para as montanhas, onde sobreviveu um tempo antes de retornar à cidade. Encontrou lá pessoas que, como ela, ainda acreditavam em Jah e no seu Amor. Com eles, ajudou no que podia, comendo e bebendo sempre pouco, sem guardar nada mais para ela que um velho e simples vestido para se vestir. Durante esse tempo, serviu ao pobre e ao fraco, fazendo prova da maior generosidade possível, tanto que a sua humildade era reconhecida por todos os que estavam com ela.



A iluminação:

Foi então que Jah se dirigiu aos habitantes de Oalyane anunciando-lhes a destruição iminente da cidade. Foi então que os sete Senhores do Vício, como eram apelidados por Galadriel, apareceram e assumiram o controlo de uma parte da cidade para a sua rebelião contra Jah. Galadriel encontrava-se no lado oposto, entre aqueles que acreditavam ainda no Todo-Poderoso, no seu Amor e reconheciam os pecados dos homens assim como aqueles que os assumiam com humildade. Durante os seis dias Galadriel rezou com Rafaela, Miguel, Sylphael, Gabriel, Jorge e Micael bem como com um grupo de homens e mulheres que os tinham seguido. Durante estes seis dias, Jah dirigiu-se a ela por duas vezes. A primeira, enquanto uma mulher estava moribunda por falta de alimento. Ele disse-lhe então:

- Galadriel, dos sete humanos que encarnam as virtudes supremas, tu és a que possui menos e que nunca experimentaste a necessidade, ajuda esta mulher para me provares que encarnas bem a conservação e serás recompensada.

Durante os dois dias que se seguiram, Galadriel nada mais comeu que um naco de pão, deixando o resto da sua ração à mulher que fora salva. Ao terceiro dia Jah falou uma vez mais a Galadriel e disse-lhe como da primeira vez:

- Galadriel, dos sete humanos que encarnam as virtudes supremas, tu és a que possui menos e que nunca experimentaste a necessidade, oferece aos teus companheiros tudo o que possuis para me provares que encarnas bem a conservação e serás recompensada.

Galadriel deu então tudo o que possuía inclusive o seu vestido, que antes mantinha, a pedido de uma mulher como empréstimo. E comendo graças à amizade dos seus companheiros, que cada um à vez lhe deram um pouco de que alimentar-se cada dia. Chegou o sétimo dia, o solo fendou, as chamas saíram da terra e toda a cidade foi engolida. Galadriel, os seus seis companheiros e as suas disciplinas refugiaram-se sobre a colina onde assistem ao cataclismo. Foi então que a luz caiu sobre eles. Galadriel, Rafaela, Miguel, Sylphael, Gabriel, Jorge e Micael tiveram a honra de ser chamados arcanjos para a humildade bem como para a virtude que todos eles haviam encarnado, os seus discípulos tornaram-se anjos porque provaram eles também o seu desejo de arrependimento.



O Arcanjo:

Tornada Arcanjo graças à sua humildade e à conservação que ela encarnava, Galadriel tornou-se uma dos sete segundos de Jah, que tinham por missão ajudar os humanos cada vez que isso fosse possível bem como combater a Criatura Sem Nome. Galadriel cumpriu então com zelo a missão que Jah lhe confiara. Durante os primeiros tempos, até ao nascimento de Aristóteles, ela nada mais fez que observar com pena os humanos entregarem-se ao paganismo. Mas o nascimento do Profeta mudara numerosas coisas, inspirara então muitas pessoas a seguir o caminho da conservação. A cada oração que lhe era endereçada, descia à terra outorgar o seu perdão. Ela nunca cessou a sua luta contra os gananciosos.
Chegou um dia em que ela foi chamada à Terra por um jovem rapaz que lhe pedia a sua ajuda. A criança, sozinha a chorar e rezar na sua cama num grande quarto luxuoso, viu então chegar uma mulher, com longos cabelos loiros, vestida com um ligeiro e simples vestido de linho branco imaculado, que revelava as suas formas, duas asas nas costas irradiando uma luz pura. Dirigiu-se da seguinte forma ao rapaz:

- Eu sou Galadriel, Arcanjo da Conservação, pediste-me ajuda e respondo ao teu pedido, diz-me em que te posso ajudar.

O rapaz, maravilhado com a beleza e pureza de Galadriel, respondeu-lhe:

- Meu pai, o Rei destas terras, força-me a comer e beber como um guerreiro porque diz que eu sou muito franzino. Mas eu não gosto de comer todas estas coisas e de beber todos estes vinhos como ele e a sua corte fazem.

Galadriel abanou então a cabeça e quando se elevava no ar para ir embora batendo as asas respondeu-lhe:
- O teu desejo será concedido meu rapaz.

E depois desapareceu no céu entre duas. No dia seguinte os armazéns do Rei foram encontrados vazios, e este, incapaz de passar sem todo o alimento que engolia cada dia morreu. O jovem rapaz tornou-se Rei e nunca mais alguém foi obeso neste reino.

Chegou um dia em que Jah pediu pessoalmente a Galadriel para cumprir uma missão por ele. Convocara-a, ela apresentara a Ele com toda a humildade e disse-lhe:

- Galadriel, vais cumprir fazer uma pesquisa para mim. Vais às terras esquecidas, do local onde se encontram as ruínas de Oanylone, quero que me tragas de volta a Coroa da Criatura Sem Nome.

Galadriel partiu então para uma longa viagem. A localização das terras esquecidas não eram conhecidas por nenhum homem e apenas um anjo podia lá aceder voando. Estas não eram mais que milhas e milhas de terras áridas e negras, sem qualquer vida ou gota de água. Galadriel encontrou no local das ruínas de Oanylone uma enorme fenda. Durante dias ela procurara nos arredores a Coroa da Criatura Sem Nome sem êxito. Desesperada pensou em desistir e regressar envergonhada ao Paraíso para confessar o seu fracasso a Jah. Foi então que um bafo saiu da enorme fenda. Galadriel percebeu então que deveria procurar a coroa no abismo. Mergulhou, iluminado o seu caminho graças à luz divina que dela irradiava. No fundo do abismo sobre um pedestal rodeado de lava encontrou a coroa. Enorme, toda em ouro e ornamentada com inúmeras pedras preciosas reflectia o orgulho da Criatura Sem Nome. Galadriel pegou então na coroa e saiu do abismo, mas foi atacada. A Criatura Sem Nome em pessoa saltou sobre ela, envolvendo-a com a sua escuridão. Combateram durante vários dias, não chegando a alcançar a vitória nem a luz nem a escuridão. Foi então que Miguel, Arcanjo da Justiça, chegou para ajudar Galadriel. Trespassou a Criatura Sem Nome com a sua lança, repelindo-a e fazendo-a fugir. Voltou então com Galadriel e a coroa ao Paraíso, lá Jah destruiu o objecto, símbolo de cobiça e gratificou Galadriel com graça divina pelo seu combate contra a Criatura Sem Nome.


Traduzido do grego Por Arilan Louvois, Teólogo do Santo Oficio Romano.


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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:04 am    Sujet du message: Répondre en citant

Citation:
Hagiografia do Arcanjo São Jorge



I. A Amizade

Um relâmpago caíra muito próximo. Aterrorizadas, as crianças encolheram-se ainda mais nos braços das suas mães. Estas choravam, implorando clemência ao Altíssimo. Os homens criticavam-se, atribuindo uns aos outros a responsabilidade dos acontecimentos. Havia já seis dias que os elementos assolavam a cidade de Oanylone, com a fúria dos primórdios do mundo. Um céu negro como o breu, carregado de ameaças, colocava todo o seu peso sobre a cidade maldita. Entre o pequeno grupo que se refugiara no armazém de trigo, há muito vazio, o medo juntava-se à cólera, à fúria e ao desespero. Podia ver-se um homem que tinha parado de rir de Deus, logo que Este anunciara a destruição da cidade. E uma mulher que, com vergonha, repetia sem cessar as suas orgias luxuriosas com tantos homens e mulheres que não os podia contar. Ou ainda um jovem homem, que tivera o obsceno prazer de esmagar o crânio do seu irmãozinho, e que, agora tentava redimir-se tranquilizando as crianças reunidas na sala minúscula. Todos sabiam porque eram punidos, mas nenhum ousava admiti-lo, alguns procuravam mesmo culpar os outros na vã esperança de esquecer os seus próprios pecados.

Uma terrível rajada veio escancarar a porta, enchendo o débil edifício com um vento glaciar. Os seus alicerces tremeram quando o trovão se seguiu ao relâmpago, com uma força ensurdecedora. E fez-se silêncio. Certamente, o tornado rugia e o trovão grunhia, mas havia já seis dias que os cidadãos de Oanylone não conheciam mais que isto. Não, o silêncio não era o da natureza, mas sim dos humanos. Porque os refugiados ficaram em silêncio, paralisados pelo terror, vendo a sombra que se perfilava nos escombros da porta. Um homem, tão grande e maciço que teve de se curvar e encolher os ombros para entrar, aproximou-se deles. A penumbra deixava adivinhar o seu rosto enrugado e a sua barba espessa. A sua volumosa cabeleira prateada conferia-lhe um ar de sapiência, contrastando com a largura das suas mãos, que pareciam ser capazes de reduzir a pó até a mais dura das pedras. O seu olhar azul pálido, desgastado pelo tempo, parecia ainda guardar no fundo uma alegria infantil. O colosso vestia uma camisa remendada e desgastada pelos estragos do tempo. Um grande pedaço de pano, enrolado em torno das suas pernas, testemunhava a sua condição de desfavorecido. Deixou transparecer um ligeiro sorriso e todos os refugiados suspiraram de alívio. De seguida, disse com a sua voz cavernosa:


“Quando não há mais esperança, resta sempre a amizade.”

Então, uma velha mulher, de olhar duro, com uma vontade de ferro, aproximou-se dele e perguntou-lhe:
“E tu , estrangeiro, vieste como amigo? Porque esta cidade é dos homens e das mulheres cujas palavras são como o mel, mas cujos actos são como o veneno. Vivem em montanhas de ouro, e nada mais desejam do que elevar-se ainda mais na sua louca busca por saques. A vida dos seus semelhantes pouco lhes importa, tal é a sede de tesouros que os devora.”

“Eu sei”, respondeu o homem. “É por isso que vim. A riqueza do coração não pode ser comparada com as riquezas deste mundo desprezível. Levarão as vossas montanhas de ouro para a outra vida?”

“Não, claro que não”, respondeu-lhe a velha dama. “Mas as riquezas do mundo estão-nos interditas para o sempre? Devemos conformar-nos em viver como os animais para honrar a riqueza da alma?”

“A vida ensinou-vos a negar a vossa mão esquerda para usar a direita?”, perguntou o homem. “O mesmo acontece com os tesouros que Jah criou para nós. Que as riquezas materiais sejam vossas, porque Jah, por amor para com os Seus Filhos, lhos ofereceu. Mas não esqueçamos jamais que não há tesouro mais belo que a amizade.”

Então, um jovem levantou-se e perguntou-lhe: “Mas quem és tu, cujas palavras estão cheias de sabedoria?”

“Meu nome é Jorge”, respondeu.



II. A avareza

Nesse tempo, numa das sete colinas de Oanylone, um homem tremia mais que qualquer outro perante a cólera divina. Não temia pela sua vida, porque esta não tinha importância para ele. Mas prendera-se de tal forma aos seus bens que não podia separar-se deles. Enquanto a gente se massacrava e violava, ele saqueava as casas desabitadas e acumulava as riquezas até formar uma verdadeira colina de metais preciosos, de tecidos delicados, de pratos suculentos… Decidiu construir uma torre tão alta, tão larga, tão sólida que poderia armazenar aí os seus bens acautelando-os da cobiça de terceiros. Contratara pedreiros e soldados, prometendo-lhes um salário sem igual, uns para construir a sua fortaleza e os outros para expulsar os pobres, os carentes e os famintos que aspiravam às suas riquezas. Estas riquezas cobriam as encostas da colina, iluminando as proximidades com uma luz dourada e aromas apetitosos. Apenas os pedreiros podiam pisar estes tesouros para construir a torre, mas logo que um deles abandonasse o seu trabalho para entregar-se à cobiça, os soldados trespassavam o seu coração com mil golpes de espada. E o homem rico alegrava-se com a ideia de poder guardar os seus bens até à sua morte, observando os pobres e famintos que rodeavam a sua colina e a perscrutavam com um olhar suplicante. Este homem chamava-se Belzebu.

Então veio Jorge, seguido por todos os desafortunados que se tinham cruzado no seu caminho. Logo que estes viram o mel, o leite, a carne assada, as roupas de seda e os cofres transbordando de pedras e metais preciosos, correram para pilhar a sua parte, não ouvindo os apelos que Jorge gritava. E os guardas desembainharam as suas espadas e deram a morte a quem quer que se aproximasse das riquezas. Quando o massacre terminou e as lágrimas se substituíram aos gritos, Jorge aproximou-se dos soldados, com um passo calmo e seguro. Um deles, particularmente zeloso, colocou-lhe a lâmina da espada debaixo do queixo, numa atitude explícita de promessas de violência. Mas Jorge disse-lhe:
“Porque mataste esta pobre gente?”. “Fui pago para isso”, respondeu o soldado. “E quanto te pagaram até agora?”, acrescentou Jorge interessado. “Nada. O senhor Belzebu pagar-me-á uma fortuna logo que a sua torre for construída e as suas riquezas lá estiverem armazenadas”, disse o soldado em tom firme. “Então, tu matas para servir uma pessoa que nada mais quer que conservar as suas riquezas e acreditas que cumprirá a sua palavra e te pagará logo, como te prometeu?”, perguntou-lhe Jorge: “Claro! Porque de contrário seria escravidão!”, exclamou o militar, inquieto ao ouvir tal questão. Então Jorge, concluiu: “Em verdade te digo, quem vive em prol dos bens materiais, em detrimento da amizade que cada um dos filhos de Jah deve ter para com o seu próximo, não merece nenhuma confiança. Invés de matar para defender a avareza de tal homem, pega nas riquezas que pisas e dá-as àqueles que verdadeiramente as precisam. Jah criou estes bens para que todas as Suas criaturas os pudessem encontrar e usá-los para viver protegendo-se da necessidade, não para que apenas um os desfrutasse mais que qualquer outro. “

Então, os guardas pousaram as suas armas, os pedreiros deixaram o seu trabalho, a gente aproximou-se e partilharam-se as riquezas consoante a necessidade de cada um. Belzebu gritou de raiva ao ver os seus bens escaparem-lhe, passando de mão em mão. Mas isto desenrolava-se precisamente no sétimo dia da punição divina sobre Oanylone e a terra começou a tremer. A torre em construção desabou e grandes fissuras abriram-se ao longo da colina engolindo avidamente os tesouros. A maioria das pessoas fugiu, incentivadas por Jorge. Mas alguns, continuaram a encher os seus bolsos de tudo o que conseguiam apanhar. Belzebu lutava contra todos aqueles com que se cruzava, tal era a sua cólera de perder o que lhe pertencia. A colina afundava-se pouco a pouco, mas Jorge viu uma criança chorando, deitada na colina, com a perna presa sob um cofre pesado. Correu até ele enquanto a terra tremia, ameaçando a cada instante afundar-se. Quando o alcançou, libertou-lhe a perna, carregou-o nos seus braços e tentou alcançar a borda. Então, algumas pessoas decidiram juntar-se-lhe para o ajudarem nesta tentativa desesperada, mas toda a colina afundou-se de seguida nas entranhas da terra, numa gigantesca explosão de chamas.

A gente ficou desolada pela tristeza de perder esses amigos. Perguntaram-se então se Jah não teria prazer ao fazer sofrer a Sua criação. Mas não era nada disso e compreenderam-no logo que viram uma doce luz apaziguante brilhar no buraco a seus pés. E seres que irradiavam calma e doçura saíram do buraco, munidos de majestosas asas brancas. As gentes reconheceram neles as pessoas que acabaram de morrer tentando salvar a criança. Mas viram particularmente a Jorge, elevado ao nível de Arcanjo, ter a criança nos seus brancos e devolvê-la à sua mãe, ilesa. Depois, todos voaram em direcção ao sol, onde Jah os esperava.




III. As línguas

Houve um tempo, quando o rei Hammurabi da Babilónia lutava em toda a Mesopotâmia para se tornar o rei dos reis. Um dia, as suas tropas chegaram à cidade de Mari e atearam-lhe fogo. A população estava apavorada e não sabia o que fazer para se salvar. Então, a Criatura Sem Nome veio sussurrar ao ouvido de um general babilónico e murmurou a ideia de exigir de cada pessoa um tributo em troca das suas vidas. Quanto mais cada um desse, menos risco correria a sua vida. Os senhores ricos da cidade, aqueles que até há pouco aconselhavam os Shakkanaku, os reis da cidade, foram os primeiros a aproximar-se, trazendo consigo pesados cofres repletos de riquezas. Mas uma velha mulher tinha como único tesouro alguns grãos de trigo. Os soldados riram-se na sua cara, afirmando que a doação de uma tal oferenda era uma ofensa ao grande general babilónico. Desembainharam as suas espadas e aproximaram-se da velha mulher, prestes a trespassá-la com as suas armas. Mas um homem alto e com barba prateada interveio. Um dos soldados ergueu a sua espada, mas não conseguiu derrubar o homem, como que impedido por uma força invisível. Então, este último abriu a boca e disse:

“Porque quereis ferir a esta mulher? Enquanto os ricos senhores de Mari vos obsequiaram com inúmeras riquezas, ela ofereceu-vos tudo o que possuía. Gozais da sua doação, mas ela doou o que para ela é essencial, enquanto eles nada mais deram que o supérfluo. Tomai estes grãos de trigo e levai-os convosco: parecer-vos-ão bem pesados no coração do Inferno Lunar”. De seguida, dirigiu-se aos cofres e distribuiu o seu conteúdo entre todos os habitantes mais pobres e mais famintos de Mari. Os guardas não sabiam o que fazer perante um homem desarmado, que não ousavam atacar e cuja força assentava na sabedoria das suas palavras. Desapontados, levantaram o acampamento e regressaram a Babilónia.

A viagem era longa até esta poderosa cidade. O calor era intenso e a humidade tornava o ar húmido e pesado ao longo das margens do Eufrates. Mas quando chegaram, qual não foi a surpresa logo que viram o homem da barba prateada esperando-os ao pé das gigantescas muralhas. O general perguntou-lhe:
“ Mas quem és tu, tu que falas com tanta sabedoria?”. “Sou o Arcanjo Jorge, modesto servo do único Jah, aquele que esqueceste em prol de legiões de falsas divindades e de uma vida de pecado”, respondeu. Acrescentou: “Segue-me até ao templo e verás por ti mesmo o julgamento de Jah, como eu o vi há já muito tempo”. Então, o general e seus guardas seguiram o arcanjo até ao rés-do-chão de uma gigantesca torre com patamares sobre os quais crescia uma vegetação florescente, prova da omnipotência do rei Hammurabi da Babilónia.

Então, São Jorge ergueu os braços e declamou:
“Desde sempre, os filhos de Jah falaram uma só e única língua, porque os irmãos e irmãs devem compreender-se para se amar. Mas isto quebra-se hoje, porque se esqueceram do seu Pai e do Seu amor. Um dia virá, em que os profetas se sucederão para recordar-lhes de onde vêm e para onde vão. Entretanto, vocês serão julgados não pela vossa fé, mas pelo vosso amor ao mundo que vos rodeia. Aprendei a conhecê-lo e aprendereis a amá-lo. Para isto, Jah, na Sua grande misericórdia, decidiu dividir a palavra de Seus filhos em múltiplas línguas, a fim de que vocês devam fazer o esforço para se descobrirem um ao outro.”

E São Jorge baixou os braços e a torre desabou numa imensa nuvem de pó. Desde este dia, a palavra dos filhos de Jah é múltipla e devemos aprender uns dos outros para viver. Fazendo isto, compreenderemos até que ponto as nossas diferenças são enganadoras e que todos nós somos irmãos e irmãs.

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Hagiografia do Arcanjo São Miguel



Nascimento de Miguel

Miguel nasceu na cidade de Oanylone, era o quinto dos dez filhos de Diane e Robin, um casal de caçadores que vivia, como muitos neste período, para servir alguém mais rico que eles.
O seu mestre, porque assim deviam chamar-lhe, não tinha outro propósito senão adquirir mais riquezas e terras do que aquelas que conseguia utilizar.

Este homem, conhecido pelo nome de Mestre Satanás Sibarita, proclamara possuir as terras até dois quilómetros ao redor da cidade, e todos aqueles que lá caçassem ou cultivassem a terra deviam recompensá-lo com metade.
Dizia-se que ele não adormecia se o dia não lhe tivesse rendido o suficiente para encher dois dos seus cofres, um de milho, o outro de carne.
Enviava os seus capangas para recolherem sempre mais aos infelizes que viviam na periferia da cidade.




A vida de Miguel

Miguel cresceu entre os mais pobres de Oanylone, aprendendo com o seu pai a arte da caça e do manuseamento da lança. Da sua mãe aprendeu a seguir as pistas deixadas pelos animais que caçava. Aprendeu também a ler as estrelas para encontrar o caminho. Viver com os seus nove irmãos e irmãs incutiu-lhe a partilha e o amor pelos outros.

Aos treze anos, Miguel tinha já a estatura e força de um adulto, sendo o mais velho dos rapazes da família. Era frequentemente ele quem defendia os seus irmãos e irmãs fazendo frente àqueles que queriam a sua miséria. E embora ele nunca fizesse mal a ninguém, era temido e respeitado pelos moradores dos subúrbios. Rapidamente começaram a pedir-lhe para arbitrar os conflitos porque diziam que ele conseguia ler o coração das pessoas.

Quando não havia provas para decidir entre duas pessoas, colocava a sua lança sobre a cabeça de um deles e, se a lança permanecesse em equilíbrio, a pessoa dizia a verdade, no caso contrário mentia. Mas rapidamente, deixaria de utilizar mais a sua lança.
Perante o simples facto de anunciar que o fariam vir, o culpado confessava, e as coisas resolviam-se por si mesmas. Alguns diziam que tinha um poder sobrenatural, mas os mais sábios sabiam do que se tratava.
No entanto, apesar da sua grande sabedoria e da sua destreza com a lança, nada podia fazer contra os servos do Mestre Satanás Sibarita, que se tornavam cada vez mais gananciosos.

O seu pai faleceu no dia do seu vigésimo aniversário, tornando-o no patriarca, porque era o mais velho dos rapazes. Foi neste período que recebeu a visita do seu amigo Timóteo que veio pedir-lhe permissão para casar-se com Emmelia, a sua irmã mais nova.
Em Oanylone, os sacerdotes tinham abandonado o povo para se ocuparem exclusivamente das pessoas notáveis e dos mais ricos aportando-lhes os favores do Altíssimo.
Miguel encarregou-se então de organizar o noivado e todos foram bem-vindos.

Nesse dia, Simplicius, um dos tenentes do Mestre Sibarita, estava presente e rendeu-se aos encantos da irmã de Miguel. Regressou no dia seguinte com os seus guardas e exigiu que Emmelia os seguisse para entrar ao serviço de Satanás, mas Miguel interpôs-se e deixou a guarda num estado lastimável e finalmente Simplicius ficou à sua mercê…
Mas no lugar de o matar, pegou na sua adaga e deu-lha dizendo:
Se o teu olho direito te atrai para o que não te é destinado, arranca-o e queima-o, porque mais vale que uma parte de ti pereça, do que atrair para ti a ira de Jah.”
O tenente não o mandou prender e voltou para junto do seu mestre. No entanto, regressou no dia seguinte com uma escolta maior, deteve Miguel e Timóteo que foram conduzidos e encerrados na prisão de Oanylone.



A destruição de Oanylone

O primeiro dia de cativeiro foi também o primeiro dos sete dias que resultaram na destruição da primeira cidade dos homens.
Um relâmpago atingiu o muro da prisão permitindo a Miguel e ao seu amigo fugir do caos e juntar-se aos seus.
Miguel reagrupou tantas pessoas quanto lhe foi possível, dizendo-lhes que o castigo do Criador seria terrível, mas que os justos poderiam viver uma nova vida longe da cidade maldita.
Como Timóteo era pescador, propôs juntar-se a ele no porto para fugir pelo lago. Miguel ajudou a embarcar no esquife aqueles que mereciam pela sua fé em Jah. Como ainda restavam lugares, ele pediu ao seu amigo para deixar subir as crianças que estavam refugiadas perto deles.
Uns cobardes que queriam fugir da cidade, mais por medo que por seguir a vontade de Jah, tentaram tomar o esquife de assalto, mas Miguel interpôs-se, permitindo ao seu clã e às crianças deixar a cidade sem aborrecimentos.
Uma vez que os seus amigos estavam em segurança, ele ficou sozinho, e durante os seis dias salvou os que podiam ser resgatados.
No sétimo dia, havia pessoas para salvar, mas eram demasiadas para qualquer barco. Como por milagre apareceram outros dois esquifes. Convidou então aqueles que tinham o coração puro a subir sobre estes barcos. Parecia capaz de ler nos olhos das pessoas se a sua fé era real, e enviava aqueles que considerava dignos no primeiro barco e os que fugiam por medo ou para salvar as suas riquezas no segundo barco. Vendo os dois barcos cheios, recusou-se a subir, dizendo que Jah tinha uma missão para ele e que devia ficar para salvar outros amigos.
Chegado à saída da cidade o primeiro barco dirigiu-se sem problemas para o alto mar, enquanto o segundo, mais pesado por causa do ouro, ficou preso nos baixios. Desapareceu com a cidade quando os grandes ventos destrutivos vieram do centro da Terra, rachando a terra em numerosos abismos.

Alguns que sobreviveram, longe da cidade, contaram que nesse momento, enquanto a chuva caia, apesar de um céu sem nuvens, um arco-íris vindo directamente do sol caiu sobre a cidade. Miguel foi escolhido por Jah para assim ser levado por uma nuvem celestial e tornou-se num dos sete Arcanjos.




Primeira aparição

A primeira aparição do Arcanjo é na verdade aquela que fez dele um anjo guerreiro ainda que jamais tivesse feito correr sangue.

Algumas gerações após o dia do juízo final e da morte de Miguel, dois clãs descendentes directos daqueles que ele tinha protegido, rivalizavam porque uma parte tinha construído um templo a Miguel, e tinham-no mesmo renomeado considerando-o como igual a Jah, porque fora capaz de os salvar. Os outros consideravam o sacrifício de Miguel como um exemplo e não como o acto que faz de um humano um deus.

Inspirado pelas trevas, aquele que se tinha declarado Grão Sacerdote de Anubis viu o seu poder aumentar (nome que deram a Miguel, não se sabendo ao certo a razão, poderia ser que esse fosse o nome do seu clã, mas nenhum indício deste facto foi encontrado até este dia). Dizendo receber as suas indicações do seu próprio deus, o Prelado nomeou um recém-nascido soberano do povo, porque era filho de Anubis e governou em seu nome muitos anos e fez derrubar o templo dedicado a Jah, declarando que desde que esse Deus falhara em proteger os seus fiéis e que estes iriam transformar-se em seus escravos. Para solidificar o seu poder e fazer esquecer o verdadeiro Jah, ele tomou o nome dos Arcanjos para os tornar deuses por sua vez.

O patriarca dos fiéis implorava a Jah todos os dias e, apesar do seu sofrimento, agradecia-Lhe o que tinham.
O Senhor teve pena e enviou o Arcanjo em pessoa.
São Miguel apareceu numa armadura, com uma longa lança e um largo escudo e fez-se reconhecer por todos ao aparecer no topo do templo que lhe era destinado.

O Grão Sacerdote interpelou-o e disse-lhe:
«Anubis, finalmente vieste agradecer aos teus fiéis e recompensar-nos por termos construído tanto por ti?».
Miguel respondeu-lhe: «Não, vim trazer a palavra de esperança de Jah para aqueles que não se desviaram Dele, porque muitas são as comunidades de fiéis que percorrem o mundo aguardando a chegada dos profetas que os reunirão no amor e na amizade.».
O Grão Sacerdote não o reconheceu e ordenou aos seus guardas que provassem a fraude massacrando os fiéis do Deus único. Miguel interveio e durante dois dias repudiou os assaltantes sem matar nenhum, permitindo aos fiéis fugir em direcção a outras terras.

Após os dois dias de combate, os fiéis do Grão Sacerdote estavam demasiado cansados, demasiado feridos para perseguir quem quer que fosse e viram asas crescer nas costas do Arcanjo permitindo-lhe regressar aos céus. O Prelado fez executar todos os guardas pelos seus sacerdotes e disse que não tinha sido Anubis a vir, mas um deus vingativo para os castigar por terem deixado com vida os servos do falso Deus único.

Há versões desta lenda afirmando que o Arcanjo era o chefe de um exército de anjos, outra que ele tinha armado o mais fortes dos fiéis, e outra mesmo em que nada mais fez que inspirar o mais valente dos servos de Jah para liderar a revolta e guiar o seu clã através do deserto. Tudo isto não tem grande importância, o essencial é que foi esta intervenção de Miguel e a vontade de Jah que permitiu aos Seus filhos fugir para terras mais clementes.




A lenda do Monte de São Miguel

A segunda aparição do Arcanjo que encontrei situa-se na época em que certos Bárbaros veneravam deuses alcoólicos tendo como único templo as tavernas e como única liturgia a bebedeira. Nesta época existia uma comunidade de fiéis perseguidos por um bárbaro de nome Saathan que venerava um deus alcoólico que exigia o sacrifício das crianças.

A comunidade que fugira para Norte encontrava-se presa numa floresta à beira do oceano. O patriarca da comunidade pediu a todos os seus para se prepararem para se sacrificarem no oceano de forma a não caírem nas mãos dos bárbaros. Dirigiram-se então para o ponto mais alto da costa e começaram a rezar a Jah para que pedisse a São Miguel que preparasse a chegada das suas almas.

Jah, que não podia tolerar que os Seus filhos pusessem fim à sua vida, fez saber ao patriarca, por intermédio de um mensageiro celestial, que não cabia ao filho decidir o dia em que se juntará ao seu Criador. Ordenou, portanto, que se o amassem e tivessem fé Nele, derrubassem grandes árvores e construíssem uma paliçada à volta do rochedo. Uma vez concluída, fariam uma grande festa e acenderiam um fogo no topo do rochedo para que Saathan soubesse a sua posição.

Assim foi feito e, sete dias após a conclusão da paliçada, o fogo foi aceso. De manhã viram as tropas de Saathan cercar o rochedo e começar a atacar a frágil protecção do penhasco. Com a ajuda de pedras e lanças, os fiéis preparavam-se para a luta já que esta era a vontade de Jah. Entretanto, no mesmo lugar onde o fogo tinha sido aceso, um anjo vestido com uma armadura e carregando uma lança e um escudo apareceu…. Nada disse, mas todos os fiéis souberam quem ele era.

O Arcanjo Miguel lançou a sua arma em direcção ao horizonte que parecia elevar-se em direcção aos céus e avançar em direcção ao rochedo como um muro de cavalos a galope. Este muro levou tudo à sua passagem, mas não destruiu a débil paliçada. As tropas de Saathan foram engolidas e quando o mar se retirou, fizera do rochedo uma ilha cercada de areia movediça, onde acabara de afundar-se o exército vencido pela fé dos fiéis.

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Hagiografia do Arcanjo São Micael

Por Garmon de Vaisuny

Traduzido do latim pelo Irmão de Sauvigny, Franciscano.



I. Nascimento de Micael e Belial
Na cidade de Oanylone vivia Adiguaëlle, esposa de Théophile, que estava grávida de gémeos. Estas crianças foram concebidas com o maior amor e não tinham sido manchadas por qualquer luxúria. Adiguaëlle era uma mulher generosa que sempre escutava aqueles que a rodeavam. Habitualmente, ela cuidava dos mais pobres, mas naquele momento a situação era difícil, os homens começavam a afastar-se de Jah, a afundarem-se na preguiça e na ganância, o que criou mais e mais rivalidade entre os habitantes de Oanylone e essa situação não diminuía a pobreza, antes pelo contrário, o número de necessitados continuava a aumentar e estes eram desprezados pelos mais fortes. Não querendo prejudicar ninguém, Adiguaëlle cuidou de todos eles, mas a Criatura Sem Nome inspirava neles a inveja e a sede de vingança. Exausta por esta situação e pelas crianças que esperava, Adiguaëlle não os conseguia manter no caminho correcto. Ela deu à luz dois meninos, um chamado Micael, que segundo uma lenda significava « dá e ama », e outro chamado Belial que significa « darás e tu receberás ». Naquele momento, a Criatura Sem Nome convenceu os mais pobres a matar essa família, o amor que tinham entre eles e para com o Altíssimo era, segundo ele, a razão que fortalecia os mais ricos a desprezarem os mais fracos.
Pressentindo o perigo, Théophile tirou Micael e o seu irmão das mãos da sua mãe e, depois de os abraçar, escondeu-os numa caixa. Mal ele tinha pousado a caixa e aqueles para os quais Adiguaëlle trabalhava todos os dias, entraram e mataram-nos da forma mais horrível. Mas as crianças, dentro da caixa, foram poupadas por não terem sido vistas.




II. Acolhidos

Eles foram acolhidos por Ménopus, um homem idoso e piedoso que nada sabia sobre a origem dos seus "amores", como ele gostava de os chamar, e que nada queria saber sobre isso. Ele dava aos pequenos o leite que produzia com a sua vaca Minerva, uma vaca que se tornou famosa, mais tarde, entre os povos por dar leite, como se as suas congéneres não o pudessem fazer... Mas voltando à nossa história, a luz da vela esgota-se e eu tenho de terminar de escrever antes que se acabe. Os dois meninos cresceram sem nunca se separar; existia entre eles uma ligação que ia além da amizade e do amor fraterno, mas, infelizmente, um deles acabaria por se desviar.



III. A tentação de Belial

Estas duas crianças, apesar das tentações da Criatura Sem Nome, continuaram a crescer piedosamente e não hesitavam em preferir favorecer os outros em vez de si mesmos. Claro que depois do que aconteceu com os seus pais, dos quais eles não sabiam nada, mas que foram avisados em sonhos, tentavam ser discretos, até ao dia em que a Criatura Sem Nome veio falar a Belial:
Citation:
Criatura Sem Nome: Porque cuidas dos outros sobretudo quando não têm nada para te oferecer? Serve os ricos, que te pagam, porque assim estás a trabalhar para nada.

Belial: Eu jamais trabalharei para nada, eles precisam de mim. Se não o fizermos, quem o fará?

Criatura Sem Nome: Pessoas que te dão o quê em troca? Nada. Eles reclamam contra ti porque quanto mais lhes dás, mais eles querem.


Esta discussão não o tocou, mas à medida que ele cresceu, a Criatura Sem Nome insistiu e houve um momento em que ele não conseguiu mais resistir. Ele começou a pedir dinheiro em troca, mas os pobres não tinham dinheiro que lhe pudessem dar. Então, ele parou de os ajudar e começou a entrar na preguiça e no pecado, satisfazendo-se cada vez mais com as suas acções e não vendo o que era essencial.



IV. A tentação de Micael e a sua oração

A Criatura Sem Nome veio em seguida falar ao ouvido de Micael mas este sabia das suas intenções e não quis ouvir, porque quanto mais fosse tentado, mais difícil seria resistir.
Conhecendo uma oração, ele ajoelhou-se e recitou a seguinte oração que será muito utilizada pelos clérigos:

Citation:
Micael: Ó Jah Todo-Poderoso,
Pai da Humanidade
E Omnipotência Divina,
Fecha os meus ouvidos
Às tentações
E abre os meus olhos
A um amor sem fim que tu me dás,
Que eu possa dar àqueles que devem receber,
Amar aqueles que devem ser,
Sabendo sempre,
Que se eu não estivesse lá,
Qualquer outro estaria lá para o fazer
Pois és Tu que falas pela minha boca
E quem trabalha pelas minhas mãos.
...
Perdoa o meu irmão e todos os outros
Eles não sabem o que fazem.


Este jovem foi abençoado por Jah, é certo, ele foi escolhido para dar a sua vida pelo mundo. Diante de tal força e bênção, a Criatura Sem Nome não pôde fazer nada e mesmo que ela tentasse muitas outras vezes, nunca conseguiu convencer Micael, nem um pouco.



V. A Punição - Instituição dos Arcanjos

A situação dos homens não melhorava. Eles não viam mais a Jah e não agiam de outra forma que não fosse em função deles mesmos, em detrimento dos seus irmãos e até mesmo das suas famílias. Isso levou a rivalidades e, muitas vezes, a lei do mais forte levou a crimes sem precedentes. Foi neste momento que o Castigo Divino caiu, não é que o Todo-Poderoso não amasse este mundo, mas se ele não interviesse, o mundo correria para a ruína. Então os relâmpagos caíram e enquanto muitos fugiram, os mais determinados lutaram entre o bem e o mal e dividiram-se em dois grupos: Os que encarnavam em si todos os pecados do mundo, os "inaudiendis" (Nota: em latim, aqueles que não entendem) conduzidos por sete homens maléficos: Asmodeus, o luxurioso, Azazel, o guloso, Lúcifer, o preguiçoso , Belzebu, o avarento, Leviatã, o furioso, Satanás, o invejoso e assim como Belial, o orgulhoso. Esses sete, acreditaram no que a Criatura sem Nome garantia sobre esta ser a prova incontestável de que Jah não os amava mais.
De outro lado, conscientes das suas falhas, um grupo pregou o arrependimento. Liderados por Gabriel, Jorge, Miguel, Galadriel, Sylphael, Rafaela e Micael, eles encarnavam respectivamente e, contrariamente aos "inaudiendis", as sete virtudes que tentavam defender: a temperança, a amizade, a justiça, a conservação, o prazer, a convicção e a doação de si mesmo.

Cada um dos dois grupos tinha os seus seguidores, os Pecadores eram mais numerosos, e faltava aos Virtuosos uma fé inabalável para se manter e não se deixarem corromper.

Ao final do sétimo dia, grandes ventos destrutivos vieram do centro da Terra e partiram a terra em grandes abismos, enviando os inaudiendis ao mais profundo deles.
No meio da carnificina, uma nuvem celeste veio e elevou os sete bondosos à altura do Céu.
Lá, uma luz suave brilhava. Ainda sem saber onde estavam, o medo tomou-os, mas aquele lugar era tão suave e calmo que se sentiram bem e sentiram uma enorme sensação de calor, uma sensação de amor.

De seguida, uma voz forte e suave foi ouvida:


Citation:
Jah: Meus filhos, vocês estão perante Mim, porque entendem que não os castiguei, nem por ciúme, nem por prazer, mas porque a raça humana chegou a um ponto que apenas a Punição poderia reconduzi-los ao Meu recto caminho. Eu nomeio-vos agora Arcanjos, vocês incarnarão as sete virtudes que defendiam na Terra e serão doravante a inspiração de todas as virtudes. Eu vos dou três pares de asas, sinal do vosso poder e da vossa posição.
Agora vão, o Paraíso espera-vos.




VI. Punição Eterna

Os "inaudiendis" foram enviados para o mais profundo dos abismos, onde o fogo ruge e os pecadores são supliciados.
Se nos lembrarmos, todos os seres da Criação são pecadores, mas o Altíssimo, na sua bondade ofereceu o perdão. Quem não o aceitar, conservará o seu pecado e sofrerá até ao fim dos tempos.


VII. Belial e o orgulho de desviar novamente os homens de Jah - A instituição do exorcismo

No começo da Igreja, esta ainda era frágil e Belial disse que para a destruir tinha de se partir do seu interior. Sempre tão orgulhoso, ele decidiu possuir o mais alto dignitário da Igreja: o Papa. Nesse tempo, o papa Hygin foi atingido por uma grave doença. Belial, cheio de covardia possuiu-o e, a partir desse momento, as características do Santo Papa começaram a mudar. Um servo, Mirall, apercebeu-se disso e suplicou ao Todo-Poderoso para enviar alguém. O Arcanjo Micael, santo patrono contra a possessão, nomeado posteriormente o exorcista, foi enviado.
Ele veio o mais rápido que pôde, as suas seis asas a bater até perder o fôlego, se a Igreja tombasse agora os resultados seriam atrozes. Ele entrou dentro do corpo de Hygin, os seus pensamentos virtuosos deveriam voltar a emanar, mas eeeeehhh Belial lutou muito também.


Citation:
Belial: Tu ousas intervir contra o teu próprio irmão, Micael? Tu não vês que o teu Deus se aproveita de ti?

Micael: Tu não és mais meu irmão Belial. Eu renego-te, volta para onde vieste, volta para o abismo, só Jah é o soberano, só Jah é o mestre. Que apenas as virtudes deste homem ressurjam!


Enquanto esse confronto ocorreu, o céu e a terra também pareciam competir numa batalha decisiva.

Citation:
Micael: Volta para onde vieste, Príncipe dos Demónios e deixa a alma deste homem em paz, entendeste?
Vá de retro Belial! Volta para onde vieste!!!!!


Nesse momento, uma chama emergiu da boca do possuído e partiu para se esmagar ao longe contra o astro dominante da noite enquanto que o céu voltou a uma cor normal.

São Micael subiu aos céus em glória sentado numa nuvem e acompanhado por mil formas celestes que glorificavam Jah porque só Jah é o soberano.

Isso aconteceu no ano de Graça de 140.

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Citation:
I. Hagiografia de Santa-Rafaela-Arcanjo

***
Dúvidas


Uma velha mulher caminhava desde o pôr-do-sol. Sentia muita dificuldade ao mexer-se. Desde há três meses que sentia as suas forças diminuir, as suas pernas pouco a pouco fraquejavam e, no entanto, caminhava, caminhava sempre e não parava mais que para dormir e para recuperar forças. Sabia quem devia encontrar. Um homem habitando numa pequena casa, um homem procurado e caolho que se denominava a si próprio o nanico. A noite caíra entretanto, e esta mulher ambulante tinha medo, não sabia onde dormir e este caminho que ela desconhecia nada lhe dizia que tivesse valor.
Ela continuava a caminhar, mais rápido, apressava-se agora, era preciso que ela chegasse, não podia mais, mas a sua vida dependia disso. Se morresse era o fim. Oh, os seus pais tinham-lhe dito que após a morte ela viveria. Que Jah estaria lá para a salvar. Mas isso é impossível, se Ele tivesse existido, ela não teria tido todas essas misérias e a vida não existiria. Porquê separar-se para voltar a Ele após a morte. Esta história realmente não tinha cabimento. Era o que seria o seu caso se não chegasse em breve. A história de um Deus começara a fazer-lhe cócegas. Começava agora a entrar em pânico. Quase corria, em qualquer dos casos, os esforços que usava era os que tinha. Isto era impossível, num impulso, ela deu a volta e enfrentando aquilo que considerava o vazio, gritou:

"Se existes, demonstra-mo. Não te escondas, se és incapaz de amar aqueles que criaste, se és incapaz de cumprir com os teus compromissos ou se fazes sofrer o mundo para teu próprio prazer. Mostra-te."

Um trovão rugia já na cabeça desta pobre mulher e ela já esperava este Jah de que tanto ouvira falar, mas que ninguém jamais vira.
Isso era o mais surpreendente, ela que não acreditava em nada fora persuadida de que iria obter uma resposta, uma resposta, claro, ela ia procurar uma, mas muito afastada daquela que esperava. Ainda que porventura, no fundo do seu coração uma parte removida lhe gritasse a verdade.

***
Revelação


No lugar das correntes assassinas que ela se tinha prometido, era uma luz suave que jorrava e que era impossível saber de onde provinha. Era possível acreditar que mesmo as trevas brilhavam.

Uma voz fez-se ouvir, ela vinha também de todos os lugares e de nenhum lugar ao mesmo tempo, era reconfortante e parecia vir do fundo dos tempos.

"Rafaela, Rafaela,
Porque gritas?
Os teus gritos semeiam o eco nas montanhas e turvam o curso dos rios. Petrificam de medo os pequenos deste mundo e fazem os mais sábios lutar."

A velha mulher não soube que responder. Fora extremamente tocada pelo que acabara de ouvir. Ouvir a voz de Jah já era em si algo extraordinário mas que Ele a chama-se pelo seu nome era-o muito mais. Há quanto tempo não a chamavam pelo seu nome? Nunca a chamaram pelo seu nome, nunca depois de o seu pai ter partido. As alcunhas tinham acabado por o substituir. Rafaela, cujo coração começava a abrir-se de novo, ainda duvidava, mas a chama de ódio nos seus olhos não estava extinta.

O que ela havia tomado com um acto de amor no início, transformou-se com a raiva em afronta. A sua alma não estava preparada para receber um amor simples, era-lhe impossível receber o amor mais forte que possa existir; mas a omnipotência de Jah e o conhecimento que tinha da sua filha começaram a sua obra.

"– Como ousas tu chamar-me pelo meu nome, Tu, Jah com um pensamento abençoado e uma mão maléfica?
- Um pai não chama os seus filhos pelo seu nome?
- Sim, mas um pai preocupa-se com os seus filhos, ele preza-os e ama-os.
- Não é isso que eu faço?"

Dizendo estas palavras Jah mostrou-lhe a Terra.

"Rafaela,
Eis aqui o caminho da tua vida.
Estes rastos são os teus passos.

- Se estes rastos são os meus passos, a quem pertencem os rastos que caminham ao meu lado?
- São os meus, Rafaela, eu caminho ao teu lado desde que vieste ao mundo.
- E nos momentos mais difíceis, não há mais que um rasto, porque não estava tu lá quando precisava de ti?
- Eu estava lá, e se apenas vês um rasto é porque te levei ao colo, minha filha."

O coração de pedra, tão difícil de convencer tornara-se nesse momento coração de carne. Rafaela compreendeu perante quem estava, perante o seu pai e, caindo de joelhos, pedindo-Lhe perdão.

"Guarda as tuas lágrimas Rafaela, o momento é de alegria, tu pensavas mal, mas pelo menos permaneceste fiel aos teus pensamentos. Agora que viste, a tua convicção salvar-te-á e mostrará a muitos outros o caminho que tracei para eles.

- Pai,
Porque é que nunca te mostraste, porque nunca me disseste que estavas ai?

- Eu disse-to, minha filha, mas os teus ouvidos não queriam ouvir, mostrei-me a ti mas os teus olhos não queriam ouvir, dei-te a mão mas tu não a agarraste, então revelei-me ao teu coração e tu acreditaste.
Deixei-te escolher porque eras livre, não querias receber-me, não me impus.
Procuraste-me e eu revelei-me.
Muitas questões ainda se atropelam em ti mas se paciente, responderei aos vazios do teu coração, no momento certo.
Vai, porque agora sabes que estou contigo até ao fim dos tempos,
Se caíres, levantar-te-ei."



***
Questões


A partir daquele momento a luz fundiu-se na paisagem e mesmo esta não sendo tão intensa, Rafaela via-a, e está luz guiava-a na noite. Podia-lhe mostrar o caminho, mas Rafaela conhecia-o, podia-lhe iluminar as trevas, mas Rafaela não tinha essa necessidade, no lugar disso, esta luz mostrava-lhe o caminho interior e expulsava todas as trevas.
Tinha saído de Oanylone dias antes e a pessoa que procurava vivia longe, ele era um dos poucos que tinha deixado a cidade quando está ainda estava longe de tormentos.
Enquanto caminhava, não conseguia deixar de pensar no seu encontro com Jah, que tinha agido como um pai com ela, agiu como o seu verdadeiro pai que tinha deixado a cidade de Oane, nunca se soube porquê, e ele que lhe tinha dado tanto, que a amou tanto, tinha desaparecido completamente. Esta era uma das partes mais comoventes. Jah amava cada um de nós, era tão bonito mas difícil de crer. Porquê a miséria? Porquê a desgraça? E porquê morrer antes de encontra-lo? Se o sabia, a resposta à sua última questão veio-lhe como uma verdade indiscutível: Ele deixou os homens sobre a Terra para que tivessem uma liberdade total. Tinham a escolha entre seguir o seu caminho ou de partir para onde não houvesse caminho, lá onde mesmo o maior caminho não se via. Lá onde Jah estava ausente ou melhor lá onde se recusavam a vê-lo porque Ele está em todo o lado. Jah como omnipotente deixou aos homens o livre arbítrio.
Mas então se deixou a cada um o livre arbítrio da sua própria vida porque se joga por vezes em detrimento da liberdade ou da felicidade de outrem? Porque a liberdade de um invade a liberdade de outros?

Ela continuava a caminhar, fazer-lhe-ia chegar à cabana. Estava cansada, cada vez mais, mas uma tal sede de Jah a habitava que parar-se parecia-lhe um desperdício de tempo.
Acabou por encontrar os anexos que serviam a casa que procurava. Entrou pelo que parecia ser uma porta e não viu ninguém, não havia nada, apenas um pergaminho.

"Quando nasces, não escolhes o teu irmão.
Independentemente de quem seja deves aprender a viver com ele, a viver para ele.
Se o teu irmão resplandece do amor de Jah, então este amor não poderá mais que uni-los.
Se, porém, o teu irmão se desvia do amor divino, és tu que lho deves mostrar a custo da tua vida.
Mas, porque dar a sua vida por alguém que não quer ver?
Se conseguires, deste-lhe uma hipótese de reunir-se com Jah e com os anjos após a sua morte e, como tal, tu os reunirás também contigo.
Se tu fracassares, serás tu quem se reunirá.

No entanto, também é dito, não permaneças com o teu irmão se os seus olhos não podem ver, pensa e trabalha por um maior número porque aqueles pelos quais trabalhaste porque estes também poderão trabalhar por outros.

Então, é melhor dar a sua vida para tentar salvar um que não quer ser salvo ou dar a sua vida para salvar uma multidão com um ardente desejo de ver?"

Rafaela leu e percebeu outra coisa. Cada homem fora colocado numa situação particular que podia evoluir, não apenas por causa dos desejos de Jah ou do mal inspirado pela Criatura Sem Nome, mas em função da forma como cada irmão e cada irmã utilizam o seu livre arbítrio e a sua liberdade. As acções de cada um, se não as pagarem nesta Terra pagarão quando Jah os vier procurar.
A evidente verdade veio transfigurar Rafaela pelo amor divino. Ajoelhou-se, em lágrimas e rezou.
Que o Senhor, Deus do Universo lhe dê a força para servir humildemente e por amor em qualquer momento e lugar.

Rezou durante uma noite inteira, depois levantou-se de manhã segura de si mesma.
Estava confiante, Jah estava ali nela, e ela permanecia Nele.
Uma aura benéfica e amorosa brilhava agora à sua volta. Se os olhos foram e continuam incapazes de a ver, a alma, ela é capaz de a sentir porque a alma era após o amor, o dom mais poderoso que Jah deu ao homem.



***
O início dos seus actos como Santa


Rafaela aproximava-se de Oanylone e já o véu da discórdia que pairava sobre a cidade se fazia sentir. De facto, a criatura inominável tinha semeado a dúvida nos corações a fim que se afastassem da verdade e antes que se fosse pressentido debilmente a reacção de Jah.
Cada vez mais a população se dividia em dois grupos, os que permaneciam fiéis a Jah e os que crentes ou não se deixavam assolar pela dúvida.

Os homens eram fracos, bastava ouvir que Jah não existia para se desviarem. Era ainda mais fácil dizer que Jah não os amava e que não havia qualquer esperança, como tal nenhum pecado era impedido por uma razão válida.
Rafaela via esta fraqueza, por isso, reuniu-se com um punhado de irmãos e irmãs e manteve a esperança bem como a firme convicção que Jah os amava. Rezava para que cada homem visse em si o caminho de Jah, para que cada um visse que não caminhava sozinho. A convicção e a certeza de que ela fazia prova permitiram-lhe pregar e conseguiu convencer apenas através da palavra inúmeras pessoas.



***
A punição


Foi então que a punição divina caiu. Começou com um relâmpago alvoroçando no mais alto do céu, depois começa a chover rios inteiros, os homens um a um foram abandonados pela vida. De seguida vieram línguas de fogo embatendo sobre cada homem.
Arremessaram os mais maus contra as chamas eternas do astro da noite e prometeram-lhes uma nova existência de sofrimento e obsessão.
Eles deram, contudo, uma nova vida àqueles que tinham acreditado, elevando-os para mais perto da glória divina no astro onde dominava o dia.
Rafaela foi elevada com outros seis ao nível de arcanjo a fim de inspirar pelos séculos dos séculos as sete virtudes.



***
O seu envio


Um dia na terra,
Um homem penando.
Amava a Jah com todo o seu coração mas jamais ousou proclamar à sua volta, o amor que sentia.
O seu círculo protestava contra Jah e não paravam de dizer blasfémias.
O homem não ousava responder. Tinha consciência do seu pecado mas não podia agir, oprimido pelo medo.
Regressou à sua casa, uma noite, e deitou-se sobre a sua cama em lágrimas.
Confiando a Jah as dificuldades que tinha para assumir a sua fé diante dos seus amigos, disse, choroso mas de forma bela, que não sonhava com mais que anuncia-lo mas que tinha medo… Como podia ele fazê-lo ousar proclamar a sua fé?
Não podia continuar assim, a guardar Jah para ele, tinha que o dizer e que gritá-lo à Terra inteira.
Então Jah, ouvindo o seu filho, enviou Rafaela com estas palavras:
“Vai Rafaela, que triunfe”
Uma presença que é sentida mas não se vê, Rafaela desceu ao pé do homem e acompanhou-o.
No dia seguinte, quando foi ver os seus amigos, estes começaram a falar de Jah de forma baixa, ele esteve para não dizer nada, mas de seguida sentindo esta força invisível perto dele, disse com um tom firme que não queira que usassem o nome do seu Deus com um conhecimento medíocre. Nada mais disse.
Jah era o seu Deus, era assim, não diriam mais nenhuma blasfémia vergonhosa quando ele estivesse ao ouvi-los!
Naquele momento, quando os seus amigos lhe lançaram um olhar fulminante, ao ponto de cair nele o peso do medo, Rafaela soprou o seu hálito e empurrou-o.
Prosseguiu, então, calmamente mas as suas palavras tinham a força de um grito. “Jah ama-nos, Vocês não têm o direito de dizer isso dele!”
Então, os homens que o rodearam, não perceberam isso e nem lhe deixaram sequer a liberdade para o pensar, saltaram sobre ele e rasgaram os seus membros. Ele lançou o seu último suspiro nesse dia, sob uma dor insuportável mas orgulhoso por ter finalmente honrado as suas convicções. Rafaela tomou em seguida a alma deste bom homem e apresentou-o ao altíssimo.



***
A Oração


Rafaela Inspirava os corações puros que lhe rogavam, a força para manter as suas convicções e para agir em conformidade a fim que os homens sejam capazes de querer o bem mas também de o fazer.
Mas mesmo se ela inspirava a convicção, seria Jah que falava pela sua boca.
Após que a alma do homem inspirado por Rafaela tinha voltado ao Sol, os assassinos entreolharam-se. Acabaram de matar o seu próprio amigo. Então, o cadáver rodeou-se de uma chama gigantesca, que desapareceu rapidamente. O corpo permanecia intacto, ainda que no seu peito estava inscrito em letras de ouro a seguinte inscrição:

Citation:
Oração de Oscermine a Jah.
Invocação de Santa Rafaela


Ó Jah!
Tu em Quem eu acredito,
Tu que guias os meus passos,
Dá-me a força de professar a grandeza do Teu Nome
Bem como o amor e adoração que tenho comigo.
Envia-me Tua Arcanjo, Rafaela, para que ela caminhe a o meu lado,
Que eu não esteja mais sozinho face ao inimigo de minha fé e da minha convicção.
Que as minhas acções obedeçam ao meu coração e que mesmo a minha mão esquerda siga os mandamentos da minha direita.
Que o meu coração te tema.
E que eu anuncie Teu Santo Nome.
Jah, digna-te a levantar a tua mão, para que Rafaela desça e me venha ajudar.
Assim seja!

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Adonnis
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MessagePosté le: Dim Sep 29, 2019 3:05 am    Sujet du message: Répondre en citant

Citation:
Hagiografia do Arcanjo Sylphael

O rolo deste manuscrito foi encontrado além da grande planície numa das antigas grutas de Mogao, em Dunhuang, e trazido pelo irmão Guillaume de Rubrouck há duzentos anos.


Eu, Nemrod Aggadoth que fui testemunha da queda Oanylone por castigo divino e que não devo a salvação da minha vida a mais que ao dever que me foi outorgado pelo Altíssimo de transmitir este testemunho às gerações futuras, deixarei, no limiar da minha vida e à prosperidade humana, a história detalhada de tudo o que lá vi.
...


O incrível destino de Sylphael de Hedon

Nestes tempos conturbados para a Cidade, vivia um jovem chamado Sylphael de Hedon. Sabia destacar-se em sociedade, era dotado de talentos em todas as artes, mas o que causava admiração no seu entorno era a sua extraordinária capacidade de desfrutar de cada momento da vida.
Encontrávamo-lo frequentemente na companhia de dois colegas de taberna, Colomba a Radiante e Lúcifer o Ciclónico, mas enquanto este último se embriagava excessivamente até ao ponto de se tornar violento próximo do coma alcoólico (dando lugar ao celebre gracejo “quando Lúcifer bebe, Colomba tosse”) Sylphael, rei das noites de Oanylone, provava todos os vinhos e depois seguia ligeiramente cambaleante para o seu concerto de lira em benefício da associação «sabedoria reunida de Oane». Eram visíveis todas as tochas dos seus aduladores emocionados enviá-lo direito ao firmamento.

Frequentemente, no dia seguinte ao raiar da aurora e após ter encontrado novas fontes de deleite estudando com Colomba, não era raro ver Sylphael preparar uma chávena de chá à beira do leito de um Lúcifer com aparência ruinosa, nauseabundo e pálido.
“Confundes diversão e felicidade, meu pobre Luc!” dava o sermão Shylphael enquanto o seu amigo se preparava para um dia de mortificação e auto punição de todos os tipos, porque era como um cata-vento louco. Lúcifer o versátil não parava de passar de um estado de sede de prazer extremo a uma sensação de culpa e depressão «e assim porás à prova duramente o teu corpo com incessantes privações, com eternos excessos».
Algum tempo mais tarde, Colomba, sucumbindo ao charme desbastador de Sylphael o voluptuoso, casou com ele. Contudo, pese a sua insolente felicidade ambos os jovens se preocupavam com o seu amigo, que tal como muitos outros habitantes de Oanylone, se afundava a cada dia num abismo sem fundo, combinando a prática de costumes sexuais preocupantes durante a noite e, formulando estranhas orações durante o dia, prostrados e nus no topo de uma coluna sob o olhar atento da Criatura Sem Nome.
Esta trabalhava doravante por todos os lados na cidade, saindo da penumbra, cheirando as suas presas entre os escombros cada vez mais numerosos sob os golpes violentos da cólera de Jah, porque a hora do castigo tinha começado.


A rebelião dos corruptos

A Criatura Sem Nome tinha encontrado facilmente os seus servos entre os mais desregrados da Cidade, num total de sete, dos quais Lúcifer, o Ciclónico e seus representantes difundiam os seus maus pensamentos com uma desconcertante facilidade, incutindo nas mentes desviadas, através do medo, ideias obscuras tais como:
“Jah criou os ricos para dar aos pobres o paraíso em espectáculo” “O ser humano recuperará os seus bens se não tiver nenhuma duvida da fraqueza de Jah” “A eternidade é longa, principalmente perto do fim” tanto e até que a cólera assim alimentada desencadeou uma massacre.
Uma manhã encontramos desventrado, entre os escombros e entre muitos outros, o corpo de Colomba e pela primeira vez vi Sylphael desmoronar-se ao mesmo tempo em que a Cidade entrava em colapso.


A tentação

Dois dias mais tarde, enquanto a Cidade em ruínas era abandonada por seus habitantes, vi Sylphael correr em todos os sentidos num beco. A sua tez estava pálida. Contou-me esta história:
“Esta noite acordei subitamente, sentindo a presença de uma forma sob o meu lençol: esta parecia passar ao meu lado e depois enrolar-se à volta das minhas pernas até que me abraçou completamente. Fui tomado por uma angústia opressiva, no entanto, acreditei reconhecer nesta forma o corpo de Colomba, a minha falecida esposa e ao mesmo tempo que o terror pouco a pouco me invadia estava repleto de imensa ternura a seu respeito, mas sabia que ela partira para sempre e este sentimento dava lugar a uma sensação de falta e a uma dor incontrolável, de repente percebi que estava preso a um malefício extraordinário e devia lutar com todas as minhas forças para não ceder perante tal abominação. Sem dúvida paralisado por um medo intenso tinha a maior das dificuldades para me mexer e a coisa aprisionava-me como um torno. Após intermináveis segundos, consegui alcançar a lâmpada de óleo (pensava apenas acender a luz para enfrentar o sortilégio) mas a chama não se acendeu. Então, cedendo ao pânico, debati-me com a energia do desespero, porque desta vez iria morrer não parei de gritar «vai embora», em litania contínua e cada vez mais forte, para a força maléfica de que era vitima. O meu pulso acelerou, o meu coração palpitava tão rápido que ia explodir, a coisa afrouxou o seu aperto e depois não senti mais nada, acendi a lâmpada e desta vez, estranhamente, fez-se luz.
O resto da noite meditei sobre esta tentativa de possessão da Criatura Sem Nome e o estado de acídia que quase me matou quando estava petrificado pela angústia.
Precisamos de aceitar a ira de Jah, e esta cidade, fomos nos que a condenamos à destruição, irei reunir-me com o grupo de virtuosos.
“perdoa-me meu amigo” disse-lhe “mas como esperas tu encarnar uma virtude, tu cuja existência foi totalmente dedicada aos prazeres?”
Ele respondeu “porque esta virtude é o prazer mesmo! Jah deu-nos os sentidos para desfrutar e porque o amor da vida continua a ser o Amor”
Sem demora partiu para rezar para salvar o mundo em companhia dos Virtuosos reunidos na sétima Porta.

A cidade de Oanylone, edificada em forma de esfera continha oito portas correspondentes às subdivisões cardinais e a porta de Oeste era a sétima, observei Sylphael afastar-se em direcção ao oeste, esta foi a última vez que o vi.
Infinitamente mais covarde, deixei a cidade apressadamente, sem armas nem bagagem, antes do caos final, assim permaneceram sete virtudes face a sete corruptos.
Entre os companheiros de fuga que reencontrei mais tarde, alguns tinham observado de longe o cataclismo final, o afundamento da Cidade e os seus testemunhos concordavam também quanto a este ponto, sete silhuetas foram vistas elevando-se em direcção ao sol por raios ardentes.
Fiquei feliz ao pensar no destino final de Sylphael cuja vida inteira havia sido radiante.

No último suspiro da minha vida começo a fazer esboços apressadamente tentando que transmitam memórias visuais da grande Cidade de Oanylone ao mundo dos sobreviventes. Possa a humanidade sempre recordar-se do exemplo dos virtuosos e do castigo dos orgulhosos.


Original em:
http://rome.lesroyaumes.com/viewtopic.php?t=1781
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